Fratura por estresse

Graduação em Fisioterapia (Faculdade da Serra Gaúcha, FSG, 2014)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

A fratura por esforço, também conhecida como fratura por estresse foi relatada pela primeira vez por Brithraupt em 1855. Após 40 anos, com a chegada da tecnologia da radiografia, conseguiu-se confirmar as características da patologia. Conforme observou-se, a fratura por estresse acontece como resultado de diversos episódios onde ocorreram sobrecargas cíclicas de intensidade inferior ao strength (força) ósseo máximo sobre o tecido ósseo saudável. Essa condição da fratura por estresse pode ser considerada o estágio final da fadiga ou insuficiência da estrutura óssea lesionada. Após uma sequência de microfraturas nas trabéculas ósseas normais quando remetidas à fadiga. Já quando são decorrentes de insuficiência óssea, se dá a partir de um osso mecanicamente comprometido, apresentando desmineralização e diminuição considerável na densidade. Em ambas as situações, ocorre um desequilíbrio entre a estrutura íntegra e a tentativa de remodelamento tecidual, resultando na descontinuidade óssea do local lesionado.

Esse tipo de lesão pode ocorrer em qualquer estrutura do corpo, estando relacionada com a prática diária de atividades físicas de atletas. Em pesquisas, apresenta maior prevalência na região de membros inferiores, em ossos como o fêmur, tíbia, fíbula, metatarsos e sacro, comuns na prática da modalidade de corrida. Na região de tronco superior são mais comuns em estruturas como costelas, comumente apresentada por atletas remadores ou de golfe; fraturas em vértebras lombares e pelve são mais comuns em saltadores, jogadores e boliche e bailarinos; fraturas de membro superior, sendo úmero, rádio e ulna, ocorrem principalmente em atletas das modalidades de ginástica olímpica, tênis, beisebol e basquete; vale lembrar que a incidência das fraturas por estresse pode ocorrer indiferente do gênero, não apresentando dados significativos entre ambos.

Foto: busracavus / iStock.com

A fratura por estresse pode ocorrer a partir de um aumento súbito e não gradual da intensidade das práticas do atleta ou praticante iniciante, após seis semanas, onde ocorrerão microfraturas devido à sobrecarga cíclica e repetitiva, não permitindo assim que haja tempo para que o tecido se adapte e promova o remodelamento, não havendo assim o reparo tecidual. A carga nem sempre é considerada suficiente para a ocorrência da microfratura, porém a combinação de sobrecarga, movimentos repetitivos e tempo de recuperação ineficiente facilitam o aparecimento da lesão. Esse processo acaba gerando uma cronificação da lesão. Em um primeiro momento ocorre uma deformidade elástica que evoluirá para deformidade plástica, onde consequentemente ocorrem as microfraturas. Quando essas microfraturas não são tratadas, podem evoluir para a fratura completa do osso.

A recuperação da fratura por estresse é diferente da recuperação das fraturas agudas. Esse processo de recuperação se dá a partir da remodelação óssea, ocorrendo assim a reabsorção das células lesadas e consequentemente a substituição de novo tecido ósseo. Nesse contexto, as pesquisas sugerem que a musculatura atua dispersando e compartilhamento do impacto no tecido ósseo, podendo este ser um mecanismo de proteção. Havendo a ausência de cuidados no preparo, tempo de descanso e execução exagerada do gesto esportivo, podendo se perder assim a ação de proteção que a massa magra proporciona para a estrutura óssea e consequentemente a ocorrência da lesão no tecido ósseo.

  • Fatores de risco intrínseco: anatomia, musculatura, estado hormonal, idade;
  • Fatores extrínsecos: hábitos alimentares, gesto esportivo, equipamentos utilizados na execução de movimentos.

As fraturas podem ser classificadas em quatro estágios, sendo estes determinantes em relação ao tempo de repouso para recuperação. Para que esses dados sejam visualizados, utiliza-se a Classificação de Arendt e Griffiths, baseados em achados de ressonância magnética.

  • Grau 1: lesão de periósteo - 3 semanas de descanso
  • Grau 2: leve edema medular - 6 semanas de descanso
  • Grau 3: grande edema medular - 9 semanas de descanso
  • Grau 4: traço de fratura visível - 12 semanas de descanso

No trabalho de reabilitação, geralmente se utilizam diversas técnicas, envolvendo desde a fisioterapia desportiva, oxigênioterapia, suprimentos medicamentosos, eletrotermofototerapia e todos os recursos que possam agregar na recuperação do paciente.

Bibliografia:

http://www.scielo.br/pdf/rbort/v51n1/pt_0102-3616-rbort-51-01-00003.pdf

Breithaupt MD. Zur pathologie des menschlichen fusses. To the pathology of the human foot. Med Zeitung. 1855;24:169.

Devas MB. Stress fractures of the tibia in athletes of ‘shin soreness. J Bone Joint Surg Br. 1958;40(2):227–39.

Schneiders AG, Sullivan SJ, Hendrick PA, Hones BDGM, Mcmaster AR, Sugden BA, Tomlinson C. The ability of clinical tests to diagnose stress fractures: a systematic review and meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2012;42(9):760–71.

Fayad LM, Kamel IR, Kawamoto S, Bluemke DA, Frassica FJ, Fishman EK. Distinguishing stress fractures from pathologic fractures: a multimodality approach. Skeletal Radiol. 2005;34(5):245–59.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Arquivado em: Ortopedia, Traumatologia
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: