Andiroba

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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Andiroba (Carapa guianensis Aubl.) é uma árvore de médio a grande porte comum no ambiente amazônico, pertencente à família Meliaceae. Possui propriedades medicinais e madeira de alta qualidade. Carapa, andiroba, andirobinha, andiroba-branca estão entre os seus nomes populares.

Árvore de Andiroba. Foto: Wagner Campelo / Shutterstock.com

A andiroba é uma árvore de dossel que pode atingir até 30m de altura. É uma planta que ocorre em toda a bacia amazônica, América Central e África. No Brasil, está distribuída pelos estados do Norte (Acre, Amazonas, Amapá e Pará) e Nordeste (Maranhão) predominando no domínio fitogeográfico amazônico. Ocorre em floresta de terra firma e de várzea. Em regiões de clima tropical úmido, florescem duas vezes ao ano, a primeira florada ocorre de agosto a setembro, a segunda de janeiro a fevereiro. Os frutos amadurecem de junho a julho e de fevereiro a março.

A árvore possui tronco reto e cilíndrico e raízes com sapopemas baixas. A casca é grossa e amarga, se desprende facilmente em grandes placas. As folhas são compostas, com 4 a 9 pares de folíolos, ápice acuminado, glabros. A inflorescência é axilar e ramiflora. Suas flores são sésseis ou de até 1,5 mm. O fruto possui nectarídeos esparsos na superfície. A semente contém proteínas, glicídios, fibras, minerais e lipídios.

A casca de andiroba pode ser transformada em pó e colocada sobre feridas, servindo como cicatrizante para afecções de pele. O óleo de andiroba é um dos produtos medicinais mais vendidos na Amazônia por possuir propriedades medicinais anti-inflamatórias e é indicado contra febre, vermes, bactérias e tumores. Em várias regiões da Amazônia são as mulheres quem cuidam da extração do óleo da semente da andiroba. O óleo é extraído quebrando as sementes em pedaços bem pequenos que devem estar aquecidos para serem prensados. Esta atividade pode render de 8 a 12 litros para 40 quilos de sementes o que depende do ritmo de trabalho empregado. Muitas comunidades extraem o óleo sem a prensa e por isso o rendimento pode ser menor. Em condições de temperatura amena pode adquirir a consistência de vaselina. O óleo é de cor amarelo-claro e amargo, contém substâncias químicas como a oleína, palmitina e glicerina. Produtos como sabonetes, cremes, pomadas e velas também podem ser confeccionados tendo o óleo de andiroba como essência principal. As velas feitas com o bagaço da semente de andiroba espantam mosquitos que são vetores, transmissores de doenças, como a dengue (Aedes aegypti) nas áreas rurais do interior amazônico. O óleo ainda é utilizado nas lamparinas para a iluminação. No lado oeste da Amazônia, no estado do Acre, as comunidades produzem óleo de andiroba apenas para o consumo local.

Sementes de andiroba. Foto: Wagner Campelo / Shutterstock.com

A andiroba possui grande utilidade na indústria madeireira. Sua madeira é de excelente qualidade sendo resistente ao ataque de insetos e turus. Tem a cor castanho-vermelha brilhante e pode ser confundida com a madeira do mogno, sendo chamada de “falso-mogno”. Pode ser empregada na construção de móveis, pisos e compensados e tem alta demanda de exportação para o mercado externo.

A andiroba é uma espécie indicada para áreas de reflorestamentos comerciais na Amazônia por ser uma espécie nativa da região e apresentar boa regeneração natural em áreas de capoeira de várzea. Está adaptada para crescer e regenerar sob o dossel da floresta. Apresenta potencial para plantios de enriquecimento pois respondem favoravelmente ao sombreamento. Os plantios de andiroba devem ser realizados em áreas já alteradas por atividades antrópicas como a agricultura e a pecuária ou em capoeiras jovens.

Esta é uma espécie que possui boas características ornamentais podendo ser utilizada no paisagismo urbano. Também é indicada para plantios em áreas degradadas de várzeas úmidas. Apresenta bom desenvolvimento na região centro-sul do País, principalmente na costa atlântica.

Referências bibliográficas:

Flores, T.B. Meliaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB19737>. Acesso em: 11 Dez. 2019

Shanley, P. Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Belém: CIFOR, Imazon, 300p. 2005.

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Costa, G. F. e Marenco, R. A. Fotossíntese, condutância estomática e potencial hídrico foliar em árvores jovens de andiroba (Carapa guianensis Aubl.). VOL. 37(2) 2007: 229-234

Cintia Rodrigues de Souza et al. Andiroba (Carapa guianensis Aubl.). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2006.

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