Esporulação bacteriana

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Algumas espécies de bactérias, quando submetidas a condições ambientais desfavoráveis, como escassez de nutrientes ou de água, são capazes de formar estruturas denominadas esporos, ou endósporos (do grego, endos, dentro), por um processo denominado esporulação, ou esporogênese.

Um esporo resulta de desidratação da célula bacteriana e da formação de uma parede grossa e resistente em todo o citoplasma desidratado. Dessa forma, o esporo consegue suspender completamente a sua atividade metabólica, sobrevivendo a situações adversas como calor intenso e falta de água.

No processo de formação do esporo, o cromossomo duplica-se e uma das cópias cromossômicas produzidas é isolada do restante da célula e envolta por uma membrana plasmática. Após isso, há a formação de uma grossa parede em torno dessa membrana, constituindo o esporo (assim chamado porque se forma dentro da célula). A outra porção do conteúdo celular é degradada e a parede é rompida, libertando o esporo. Em ambiente propício, o esporo se reidrata, reconstituindo uma nova bactéria, que passa a reproduzir-se por reprodução binária.

Os esporos bacterianos são muito relevantes para áreas de Medicina e indústria alimentícia, principalmente pelo fato de serem resistentes ao calor e à esterilização química, quando comparados com células em estado vegetativo, podendo contaminar alimentos e, consequentemente, provocar doenças. Uma das formas de eliminar definitivamente os esporos é a autoclavagem, técnica pela qual materiais como roupas, alguns alimentos, instrumentos hospitalares e laboratoriais são tratados com vapor de água em elevadas temperaturas (acima de 120°C) durante um período de, no mínimo, 20 minutos, num aparelho denominado autoclave. Materiais que não podem ser submetidos à autoclavagem, como alimentos e materiais que não resistem a altas temperaturas, podem ser esterilizados por meio da irradiação.

Para combater a germinação de esporos e conservar os alimentos, são utilizadas substâncias conhecidas como conservantes químicos. Essas substâncias são, geralmente, ácidos orgânicos simples, tais como o ácido sórbico e o ácido benzoico. Na conservação de alimentos de origem animal utiliza-se muito o nitrito de sódio (NaNO2), um sal inorgânico.

No rol das bactérias de interesse econômico que formam esporos pode-se mencionar o Bacillus anthracis, uma bactéria anaeróbia facultativa que causa a doença conhecida como antraz em gado bovino, ovino e equino, podendo eventualmente ser transmitida também a seres humanos. Seus esporos podem permanecer durante anos nas pastagens, infectando o gado.

Outras bactérias formadoras de esporos, importantes para a humanidade, são as do gênero Clostridium. Essas são anaeróbias obrigatórias e provocam doenças como tétano (Clostridium tetani), a gangrena gasosa (causada por Clostridium perfringens) e o botulismo (Clostridium botulinum). Essa última doença bacteriana é transmitida por alimentos industrializados mal esterilizados (conservas, embutidos, enlatados). Nas condições anaeróbias em que o alimento de encontra, os esporos germinam e originam populações de bactérias, que produzem a toxina botulínica, letal se ingerida.

Referência:
AMABIS, José Mariano. MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia. São Paulo: Moderna, 2004.

Arquivado em: Reino Monera, Reprodução
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