Macaco-prego

Graduada em Ciências Biológicas (USU, 2009)

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O macaco-prego pertence ao grupo de primatas do Novo Mundo ocorrendo geograficamente em quase toda a América do Sul, sendo o grupo mais comum. No Brasil, pode ser encontrado em diversas regiões, mas sua maior incidência é na floresta Amazônica e Atlântica. Entretanto, pode ser encontrado no Pantanal, Caatinga e Cerrado. Essa ampliação nas regiões de ocorrência deve-se, provavelmente, à perda e fragmentação de seu habitat natural e devido a sua maior tolerância em buscar novos habitats tem permitido a população sobreviver, apesar do número de indivíduos ter diminuído. Além disso, sofrem comumente com o tráfico de animais. A classificação científica no Brasil conta com 97 espécies conhecidas, sendo a Sapajus apella (Linnaeus, 1758) o indivíduo mais popular.

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Mammalia
  • Ordem: Primatas
  • Subordem: Haplorrhini
  • Infraordem: Simiiformes
  • Família: Cebidae
  • Subfamília: Cebinae
  • Gênero: Sapajus (antigo gênero Cebus)

O macaco-prego são animais onívoros (alimentando-se de insetos, frutas e ovos) de hábitos diurnos, podem ser vistos comendo pequenos invertebrados como lagartos e caranguejos e outros mamíferos – característica comportamental exclusiva dos macacos do Novo Mundo. Além disso, possuem uma adaptação na alimentação para ingestão de substâncias rígidas como nozes e demais sementes. O grupo social consiste entre 5-20 indivíduos, havendo registro de grupos de até 40 indivíduos, geralmente com um macho dominante e até cinco fêmeas em fase reprodutora. Seus predadores mais comuns são aves de rapina (harpias), grandes cobras e felinos. Quando notam a presença de predadores podem se associar a outros grupos de animais e trabalham cooperativamente para evitar e/ou afugentar o outro animal.

Macaco-prego. Foto: Wikihobby, via Wikimedia Commons

O gênero Sapajus compreende os indivíduos reconhecidos por sua inteligência e habilidade em criar ferramentas para atingir o objetivo, como por exemplo, abrir alimentos mais rígidos. Devido à perspicácia são comumente utilizados em pesquisas laboratoriais.

O deslocamento destes animais consiste em utilizar as quatro patas, mas podem ser vistos andando sustentados apenas nas patas traseiras. São animais arborícolas que utilizam a cauda semi-preênsil para se deslocar entre os galhos. Descem ao solo apenas em épocas de alimento escasso.

O comportamento sexual possui um repertório entre a corte e o acasalamento, a fêmea atrai o macho pela vocalização e por movimentos faciais. O cio da fêmea dura 5-6 dias e a gestação 155 dias (aproximadamente 5 meses). As fêmeas seguem o macho para o acasalamento por até 4 dias e dão preferência aos machos com maior hierarquia no grupo. Quando há escassez de alimentos, pode haver espaçamentos maiores entre um cio e outro, mas o ciclo estral (período entre cios) é de 18 dias. O nome macaco-prego refere-se ao pênis do animal que quando ereto apresenta formato similar a um prego. Outros autores fazem associação à pelagem no topo da cabeça que nos machos é mais concentrado do que nas fêmeas e assemelha-se ao formato de um prego.

Os macacos-prego desenvolvem a doença da febre amarela silvestre a partir de uma concentração viral muito inferior à quantidade necessária para desenvolver a doença em humanos, por isso, estes animais são utilizados como indicadores naturais de epidemias nas regiões de floresta. Culturalmente acreditava-se que estes animais quando doentes transmitiam a virose para os humanos, e por isso, criou-se o hábito de matar os macacos doentes. Entretanto, a febre amarela silvestre e urbana é transmitida pela picada de mosquito infectado, não havendo assim, necessidade em sacrificar os animais.

Bibliografia:

Alves, S. L.; Buss, G.; Ravetta, A. L.; Messias, M. R.; carvalho, A. S. 2015. Avaliação do Risco de Extinção de Sapajus apella (Linnaeus, 1758) no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira.  ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de-conservacao/7269-mamiferos-sapajus-apella-macaco-prego.html.

Freese, C.H.; Oppenheimer, J.R. (1981). «The Capuchin Monkeys, Genus Cebus». In: Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R.A. Ecology and Behavior of Neotropical Primates - Volume 1. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências. pp. 331–391.

Kasecker, T.P. 2006. Efeito da estrutura do hábitat sobre a riqueza e composição de comunidades de primatas da RDS Piagaçu-Purus, Amazônia Central, Brasil. Dissertação (Mestrado em Biologia Tropical e Recursos Naturais). Universidade Federal do Amazonas. 94p.

Arquivado em: Mamíferos
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