Lesões celulares

Doutora em Ciência Animal (UFG, 2020)
Mestrado em Ciências Veterinárias (UFU, 2013)
Graduação em Ciências Biológicas (UEG, 2010)

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A lesão celular ocorre quando a célula está submetida a um estresse excessivo e não consegue se adaptar fisiologicamente, quando está exposta a agentes nocivos, ou quando ocorrem anormalidades intrínsecas prejudiciais.

As lesões celulares podem ser reversíveis ou irreversíveis. Assim, quando o fator nocivo é cessado e ainda não houve dano severo à membrana plasmática e ao núcleo, as lesões podem ser revertidas, apesar de haver anomalias na estrutura e no funcionamento da célula. No entanto, a persistência da injúria causa um estado danoso irreversível, o qual culmina na morte celular.

Causas das lesões celulares

Várias situações podem levar a uma lesão celular, que podem ser desde um trauma por acidente a uma via metabólica defeituosa, devido a mutações genéticas. Porém, os estímulos lesivos a células podem ser classificados em:

Privação de Oxigênio

A privação de oxigênio (O2), chamada de hipóxia, dificulta a respiração celular e leva a lesões sérias na célula. Ela pode ser causada por uma interrupção do fluxo sanguíneo, denominada isquemia; por dificuldades na oxigenação do sangue nos pulmões, como nos casos de pneumonia ou enfisema pulmonar; ou por diminuição da capacidade de transporte de O2 no sangue, como no caso de intoxicação por monóxido de carbono (CO) e na anemia.

Agentes químicos

Diversas substâncias químicas podem levar a uma lesão celular. Tais substâncias podem ser toxinas, venenos ou agentes potencialmente tóxicos, como algumas substâncias produzidas por serpentes, insetos, fungos ou plantas, inseticidas, gases tóxicos (CO ou cianeto), poluentes, álcool e drogas ilícitas.

No entanto, substâncias que são benéficas ou inofensivas ao organismo, também podem levar a lesões se estiverem em contato com as células em doses excessivas. Assim, podemos citar a água, a glicose e o sal, que podem desregular o potencial osmótico intra e extracelular; os medicamentos, que chegam a doses tóxicas quando administrados acima da sua faixa terapêutica; ou mesmo vitaminas que podem ser acumuladas quando em excesso. Todos esses excessos podem interagir com o metabolismo, a membrana e a integridade da célula, levando a lesões celulares.

Agentes infecciosos

Os microrganismos patogênicos, como os vírus, bactérias, protozoários e fungos, assim como parasitas maiores, como tênias e lombrigas, podem causar lesões celulares reversíveis e irreversíveis.

Reações imunológicas

O mecanismo de atuação do sistema imunológico lesiona células infectadas por microrganismos, mas podem também lesionar células saudáveis em doenças autoimunes ou hipersensibilidades a agentes externos.

Anomalias genéticas

As mutações gênicas que produzem proteínas defeituosas, podem levar a lesões celulares, por meio da ineficiência das reações químicas as quais elas participam, como no caso da anemia falciforme ou doença celíaca.

Desequilíbrios nutricionais

O excesso no consumo de algumas substâncias e a sua falta podem causar lesões celulares. É possível citar a obesidade, que leva a muitas disfunções, e a deficiência nutricional de proteínas e vitaminas.

Envelhecimento

A senescência celular provoca dificuldade de adaptações fisiológicas a estresses, provocando lesões.

Vale saber, que diferentes células podem responder aos estímulos e ter níveis de sensibilidade a eles variáveis.

Onde as substâncias nocivas agem

As substâncias lesivas às células possuem alguns alvos mais importantes que causam lesões, são eles:

  • As mitocôndrias: podem rompê-las, dificultar a produção de ATP, ou aumentar as espécies reativas de oxigênio (ERO);
  • O DNA e sua expressão gênica;
  • As membranas: podem causar danos tanto à membrana plasmática, quanto à lisossômica, o que provoca a morte celular;
  • Desequilíbrio na homeostasia do cálcio.

Alterações morfológicas nas células lesadas

As principais alterações que ocorrem em lesões celulares são:

1) Lesão celular reversível

Ocorrem tumefação celular, alteração gordurosa, bolhas na membrana plasmática e perda das microvilosidades, aumento do volume das mitocôndrias, dilatação do retículo endoplasmático, entre outras.

2) Lesão Irreversível

As alterações morfológicas irreversível são aquelas relacionadas a morte celular, as quais podem ser de vários tipos, mas nos casos mais típicos que são possíveis de se visualizar, podem ocorrer aumento da célula, a retração e fragmentação do núcleo e extravasamento de seu conteúdo, gerando alteração tecidual, na necrose.

Referência:

KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Arquivado em: Citologia
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