Oxigenação sanguínea e o coronavírus

Graduado em Ciências Biológicas (UNIFESO, 2014)

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A oxigenação sanguínea pode ser altamente afetada quando o indivíduo desenvolve COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus. Cerca de uma a cada seis pessoas que contraem a doença desenvolvem complicações respiratórias. É muito comum a oxigenação ser afetada sem demostrar grandes sinais sendo caracterizada como uma hipóxia silenciosa, por apresentar falta de oxigenação no corpo sem sinais e sintomas. A doença é classificada em 4 fases e a falta de ar aparece quando o quadro clínico evolui da primeira fase para a próxima.

O oxigênio é de extrema importância para o organismo realizar o metabolismo celular. Ele entra no organismo através da hematose, que consiste na troca de gás carbônico por oxigênio nos alvéolos pulmonares. As moléculas de oxigênio se grudam nas moléculas de ferro iniciando o processo de oxidação. Essas moléculas com ferro constituem a hemoglobina, que por sua vez compõe as hemácias dando a coloração vermelha ao sangue.

Os níveis de oxigenação no organismo podem ser medidos por um aparelho chamado de oxímetro, que mostra a quantidade de oxigênio contido nas células sanguíneas. Os valores saudáveis são acima de 89%, mas o ideal é não estar abaixo de 94%. Na evolução para a fase dois da doença o vírus inicia o ataque à pleura pulmonar, que começa a ficar mais espessa, ocasionando lesões no tecidos intersticial ou alveolar que provocam cicatrização (fibrose). Com o tecido dos alvéolos danificados a hematose fica comprometida não deixando que a quantidade de oxigênio necessária para o pleno funcionamento do organismo seja absorvida. Essas complicações pulmonares pioram entre 80% dos enfermos que alcançaram a fase 2 das doença entre o 8º e o 10º dia após o início dos sintomas atingindo assim a fase 3.

Oxímetro é o aparelho utilizado para medição do níveo de oxigenação sanguínea. Foto: GaViAl / Shutterstock.com

Os alvéolos pulmonares possuem um formato de saco e é nessa estrutura que é feita a troca gasosa em associação com capilares que são vasos sanguíneos de calibre muito pequeno, mas para isso é necessário a lubrificação adequada, com um líquido surfactante. Ele ajuda na troca gasosa deixando os alvéolos abertos. O vírus Sars-CoV-2 ataca células epiteliais alveolares tipo II responsáveis pela sua produção, deixando os alvéolos fechados por falta de lubrificação, comprometendo tanto a entrada de oxigênio para o organismo, quanto a saída de dióxido de carbono.

Além disso o vírus provoca alto teor de coagulação sanguínea na fase 4, fazendo com que ocorram trombos por todo o sistema vascular. Podem causar entupimento de veias e artérias, ocasionando ainda mais problemas vasculares.

Quando o paciente é entubado, a oxigenação do corpo passa a ser auxiliada de forma mecânica, pois o ar atmosférico que respiramos é composto na maior parte nitrogênio, sendo apenas 20% de oxigênio, e nossos alvéolos capturam somente o O2 para a corrente sanguínea. Ao chegar nesse estágio o enfermo por COVID-19 precisa ficar um longo tempo desacordado em respiração mecânica, podendo passar de 15 dias e em alguns casos até mesmo de um mês.

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