Espécie guarda-chuva

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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Espécie guarda-chuva é o termo utilizado para representar uma espécie cujo habitat natural é ocupado por uma área ampla na qual a sua conservação permite a conservação de diversas outras espécies.

Manter um meio ambiente significa preservar todos os seus componentes: o ecossistema, comunidades e espécies em boas condições. Deste modo se mantém o valor econômico, estético e social sem sérios riscos de ameaças à diversidade biológica. Perturbações em massa causadas pela ação humana tem alterado e destruído a paisagem em larga escala, degradando habitats, levando espécies e mesmo comunidades inteiras ao ponto de extinção. A destruição, fragmentação, degradação do habitat, a superexploração das espécies para uso humano, a introdução de espécies exóticas e o aumento da ocorrência de doenças são resultado da atividade humana que causam as maiores ameaças à biodiversidade. Ainda que exista uma grande preocupação mundial com a destruição de um habitat único, que é a floresta amazônica, a qual ocupa grande parte do território sul-americano, em todo o planeta existem ocorrências de perda de habitats.

A destruição de habitats não é um problema que afeta apenas o Brasil. A perda de habitat original por fragmentação pode ocorrer pela construção de estradas, ferrovias, canais, linhas de energia, cercas, tubulação de óleo, aceiros, ou outras barreiras que impedem o fluxo de espécies. Uma das maneiras de proteger a diversidade biológica é preservando os seus habitats naturais. Como uma medida de proteção da biodiversidade, a criação e implantação de áreas protegidas faz parte das estratégias mais eficientes de conservação da diversidade biológica, que além da variedade de espécies, também inclui a diversidade genética e o papel que cada organismo tem nos ecossistemas, e a própria diversidade de ecossistemas, sejam eles terrestres, aquáticos ou marinhos.

Muitas unidades de conservação tem sido criadas para proteger ‘espécies carismáticas’. Estas espécies despertam o afeto do público em geral. O lobo-guará do Cerrado, o Mico-leão-dourado em estado de preservação na Reserva Biológica de Poço das Antas e o pau-brasil no Parque Nacional do Pau Brasil, em Porto Seguro são alguns exemplos de espécies protegidas em áreas de unidades de conservação. Estas espécies são importantes como símbolos nacionais e mesmo como atração turística. A onça-pintada (Panthera onca) é uma das espécie guarda-chuva, carismática e símbolo nacional mais conhecida. A onça-pintada exerce importante função ecológica para a manutenção do equilíbrio dos ambientes onde ocorre. A onça é um predador de topo de cadeia que regula o tamanho de populações de suas presas como os queixadas, capivaras e jacarés. Este animal exige extensas áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir. Devido as suas exigências ecológicas englobarem todas as exigências das demais espécies que ocorrem no mesmo ambiente é chamada espécie guarda-chuva.

Onça pintada (Panthera onca). Foto: Leonardo Mercon / Shutterstock.com

Apesar das persistentes reduções de seu habitat natural, que são causadas pela ação humana, as onças ainda possuem considerável distribuição geográfica e podem ser encontradas em ambientes do semiárido da caatinga brasileira às florestas alagáveis da Amazônia, onde passam boa parte do ano em cima das árvores. A conservação espécie-habitat garante que todos os outros organismos contidos em sua abrangente escala territorial também sejam beneficiados. A preservação das diversas outras espécies que ficam sob a mesma proteção da espécie guarda-chuva, pode garantir que os serviços ambientais ecossistêmicos sejam mantidos. Os serviços ambientais ou ecossistêmicos são benefícios que as pessoas obtêm da biodiversidade. Diversas categorias em diversos setores são atribuídos para os serviços ambientais.

Estão divididos em quatro tipos principais:

  1. Em serviços de provisão, como alimentos, madeira, fibras, óleos essenciais, recursos genéticos;
  2. Em serviços de regulação, como purificação da água, controle do clima, polinização;
  3. Em serviços culturais, como recreação, crenças religiosas, atividades sociais;
  4. Em serviços de suporte, como ciclagem de nutrientes e produção primária.

Leia também:

Referências bibliográficas:

https://super.abril.com.br/ideias/os-bichos-pedem-passagem/ acessado em: 16/12/2019

http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/5215-conheca-animais-que-se-destacam-na-natureza acessado em: 16/12/2019

Morato, R. G. et al. (2018). Resource selection in an apex predator and variation in response to local landscape characteristics. Biological Conservation, 228, 233–240. doi:10.1016/j.biocon.2018.10.022

Primack, R. B., Rodrigues, E. Biologia da conservação. 1ª ed. Editora Planta, Londrina. 328p. 2001

Arquivado em: Ecologia
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