Fauna do solo

Graduação em Ciências Biológicas (Unicamp, 2012)
Mestrado Profissional em Conservação da Fauna Silvestre (UFSCar e Fundação Parque Zoológico de São Paulo, 2015).

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O solo é um elemento muito importante para nossas vidas, como o próprio nome já diz, somos o planeta Terra. E grande parte da nossa alimentação vem de processos de produção que o envolve.

A fauna de solo é como chamamos os animais invertebrados que se desenvolvem, vivem, ou passam algum período da vida no solo e podem contribuir para a preservação das propriedades físicas, químicas e biológicas dele. Para que estes animais conseguissem sobreviver no solo e na serapilheira, durante a evolução desenvolveram muitas adaptações comportamentais e morfológicas. São divididos em grupos funcionais: predadores e parasitas; geófagos e bioturbadores; detritívoros e decompositores; e fitófagos e pragas.

O tamanho da espécie está relacionado com a atividade que ela é capaz de realizar, podendo classificar a fauna de solo em:

  • microfauna: Há presença de nematoides e protozoários. Eles se alimentam de microrganismos, tendo uma importante função na regulação de matéria orgânica
  • mesofauna: Ácaros, plotura, diplura e colêmbolos. São animais que ocupam as áreas aeradas do solo, não constroem seus próprios túneis. São aqueles que sofrem as consequências de um solo compactado.
  • macrofauna: invertebrados, dentre os mais de 20 grupos taxonômicos, estão as minhocas, besouros, cupins, formigas e moluscos. São capazes de se movimentar dentro do solo, mudando suas propriedades físicas e contribuem para regulação de matéria orgânica dele, aumentando a disponibilidade de comida para os outros grupos.

Minhocas. Foto: wawritto / Shutterstock.com

A presença deste desta fauna é determinada pelo tipo de solo, PH, tipo de vegetação, clima, etc. Em solos mais ácidos, por exemplo, há menor diversidade de macrofauna, chegando à ausência dos mesmos e há abundância de colêmbolos e protozoários. Já em solos menos ácidos, há presença dessa macrofauna que contribui para maior atividade de decomposição, devido as atividades que ela desempenha.

Um representante desta fauna, muito conhecido é a minhoca. Elas constroem galerias e túneis subterrâneos, que aumentam a porosidade e a produtividade deste solo, com a facilitação de passagem das raízes. Elas são animais detritívoros, que atuam na ciclagem de nutrientes.

Os representantes da macrofauna do solo são chamados de “engenheiros do ecossistema”, uma vez que no deslocamento, escavação e ingestão, transportam matéria inorgânica e orgânica, influenciando outros organismos.

Importância

A fauna de solo contribui com a incorporação de matéria orgânica; aumento do número de raízes, controle de organismos indesejáveis e estimula o desenvolvimento de micróbios. A microfauna altera a quantidade de nutrientes e regula as populações de bactérias e fungos, interagem com microflora, podendo alterar o solo. A mesofauna regula as populações de fungos e da própria microfauna, criando bioporos, bolos fecais, que promovem a humificação. A macrofauna participa da fragmentação de resíduos de plantas e estimula a atividade dos micróbios, alteram o solo, como humificação, criação de bioporos, pellets fecais, redistribuem a matéria orgânica e microrganismos.

Além disso, a fauna de solo presta vários tipos de serviços ambientais, como ciclagem de nutrientes, influenciando na dinâmica da decomposição de matéria orgânica, sequestro de carbono, produção de alimentos e fármacos, controle de erosão de solo, disponibilidade de água no solo, etc.

Sendo assim, os grupos funcionais e a biodiversidade de vários invertebrados edáficos podem ser bio indicadores para monitorar mudanças quantitativas e qualitativas nos ambientes afetados pelo uso do solo.

Ameaças

Nós desenvolvemos atividades que impactam essa fauna, ao ponto de exterminá-las em algumas regiões. As práticas agrícolas, como mecanização, uso excessivo de fertilizantes, agrotóxicos, compactação do solo, são tipos de atividades que alteram o solo e a viabilidade populacional desta fauna. A sua ausência reduz a taxa de decomposição e ciclagem de nutrientes, o que diminui a fertilidade do solo.

Recentemente, estudos para um manejo sustentável de solo e conservação da biodiversidade tem dado ênfase no conhecimento da estrutura da macrofauna, com o intuito de entender a composição do solo, para minimizar os impactos e diminuir a perda de fauna dele, mantendo a sua qualidade. Alternativas têm sido desenvolvidas, como o uso de adubos verdes, plantio direto, e sistemas agroflorestais, o que contribui com as populações de fauna do solo.

Referências:

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/129844/1/GeorgeB-LivroServicosAmbientais.pdf

https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/biotacap3ID-dr6kaaCh87.pdf

https://www.udesc.br/arquivos/ceo/id_cpmenu/1043/rural_205_15236482339303_1043.pdf

Arquivado em: Ecologia
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