Relações intraespecíficas harmônicas

Por Maria Carolina Rodella Manzano

Graduação em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2016)

Categorias: Relações Ecológicas
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Diversas interações ecológicas determinam o fitness e a sobrevivência dos organismos no ecossistema, e podem ser observadas entre indivíduos de diferentes espécies (interações interespecíficas) ou entre indivíduos da mesma espécie (interações intraespecíficas). Essas relações podem ser classificadas como desarmônicas ou harmônicas. As interações harmônicas são interações positivas, apresentando vantagem para os indivíduos envolvidos, aumentando seu fitness e até mesmo influenciando diretamente sua sobrevivência e reprodução. Quando esse tipo de interação acontece entre indivíduos da mesma espécie, temos relações intraespecíficas harmônicas divididas em colônia e sociedade.

Colônias

Em interações ecológicas intraespecíficas positivas os organismos trabalham em prol da sobrevivência e sucesso reprodutivo, desempenhando funções de forma cooperativa. Assim, as colônias são formadas por diversos indivíduos da mesma espécie altamente especializados, conectados fisicamente e desempenhando diferentes funções. Podem ser classificadas como isomorfas ou heteromorfas, de acordo com a morfologia dos indivíduos que a compõem.

Um exemplo de colônia heteromorfa é a caravela-portuguesa (Physalia physalis) pertence ao filo Cnidaria, formada por quatro diferentes tipos de zooides ou pólipos. Nela, cada pólipo apresenta morfologia própria e consequentemente desempenha uma função específica: locomoção, defesa, alimentação e reprodução. Por exemplo, o pólipo relacionado a locomoção é chamado de pneumatóforo, formando uma bolsa flutuadora que é empurrada pelos ventos.

Caravela. Foto: Broadbelt / Shutterstock.com

Já colônias isomorfas são compostas por indivíduos com menor grau de especialização, apresentando função e morfologia semelhantes. Um exemplo são os recifes de corais, onde cada coral é composto por pólipos capazes de secretar calcário (carbonato de cálcio), formando um exoesqueleto rígido, que pode ser compartilhado por milhares de indivíduos.

Recifes de corais. Foto: Andrey_Kuzmin / Shutterstock.com

Sociedade

A sociedade é formada por um grupo de indivíduos da mesma espécie que cooperam entre si afim de aumentar o fitness e a sobrevivência, e apresenta um alto grau de hierarquia e divisão de tarefas. Sociedades ecológicas podem ser divididas em heteromorfas e isomorfas. As sociedades de formigas, abelhas e cupins são consideradas heteromorfas, de modo que os indivíduos apresentam diferentes morfologias dependendo da função que exercem dentro do grupo.

Cupinzeiros gigantes, construídos pelas sociedades de cupins. Foto: Adwo / Shutterstock.com

Por exemplo, uma colônia de cupins é constituída por um casal reprodutor também conhecido como casal real. São o rei e a rainha da colônia, e únicos reprodutores, que dão origem aos cupins alados, cuja função é fundar novas colônias onde se tornarão também reis e rainhas. Existem ainda os cupins estéreis, que podem ser operários responsáveis pela construção e manutenção de tuneis e coleta de alimentos, soldados com função de defesa do cupinzeiro, ou ainda imaturos. Todos eles apresentam morfologias distintas e próprias para exercerem suas funções.

Já as sociedades isomorfas apresentam indivíduos com morfotipo semelhante independente da sua função, como sociedades de primatas e suricatos por exemplo. O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie ameaçada de extinção na Mata Atlântica, forma grupos de aproximadamente cinco indivíduos compostos por uma fêmea reprodutiva, um ou dois machos adultos e seus filhotes, e são reprodutores cooperativos. A hierarquia social presente no grupo explica a monopolização da cópula pelo macho dominante, porém a alimentação e cuidado dos filhotes é dividida entre todos os membros. Os suricatos (Suricata suricatta) também são mamíferos eussociais, vivendo em grupos de até quarenta indivíduos em túneis construídos no subsolo. A cooperação entre os indivíduos inclui revezamento afim de manter a vigilância do grupo e alertar contra possíveis predadores.

Leia também:

Referências Bibliográficas

[1] Ensino de Ciências. Relações Intraespecíficas. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br

[2] Cupins. Biologia Geral. Disponível em: http://termite.wikidot.com/bio:biologia-geral

[3] Ecologia e Comportamento. Associação Mico-leão-dourado. Disponível em: http://www.micoleao.org.br/

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!