Mico-leão-dourado

Por Carla Araújo Vieira

Graduada em Ciências Biológicas (USU, 2009)

Categorias: Mamíferos
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O mico-leão-dourado, Leontopithecus rosalia, é uma espécie endêmica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, porém, atualmente, encontra-se extinto na região do Espírito Santo e na região do Rio de Janeiro, estão restritos a apenas 4 cidades. Originalmente, era chamado de sauí-piranga devido a sua pelagem.

Mico-leão-dourado. Foto: Edwin Butter / Shutterstock.com

As principais características da espécie são: os pelos em tons de vermelho-dourado, longos braços, dedos longos e com garras nas mãos, fortes pernas e longa cauda permitem uma locomoção ágil e acrobática em todos os substratos da floresta, possuem comprimento médio de 587 mm e peso médio de 500g a 700g, sendo os maiores do seu gênero. O gênero do mico-leão-dourado é representado por 4 espécies, sendo elas:

Costumam viver em grupos de 2-8 indivíduos que emitem muitos sons como gritos, trinos, assovios e choros e longos chamados similares de aves e dorme em buracos ocos de árvores abandonados por outras espécies. Possuem dentes adaptados para alimentar-se de frutas e insetos. Sua dieta consiste basicamente de uma variedade de insetos, pequenos vertebrados, ovos de pássaros e frutos, podem consumir frutos verdes e flores. Vivem entre 3-10 metros nas árvores onde sobrevoa a maior parte dos insetos.

Mico-leão-dourado. Foto: hanohiki / Shutterstock.com

Os grupos possuem um casal reprodutor e monogâmico e suas proles, a fêmea-alfa suprimem a ovulação das suas filhas através de feromônios e comportamentos agonísticos (brigas). Porém, alguns estudos têm evidenciado mudanças no padrão normal de composição grupal e sistema de acasalamento para casos de poligamia devido à saturação do habitat.

A formação e composição dos grupos são determinadas pela emigração de indivíduos do grupo de origem que se movimentam entre os grupos vizinhos até encontrar um(a) parceiro(a), constituir vínculo e formar um novo grupo, entretanto, a destruição e saturação do habitat dificultam o encontro de territórios disponíveis para uma reprodução viável e constituição de novos bandos.

A gestação dura aproximadamente 129 dias e os nascimentos ocorrem de setembro a março. Geralmente nascem 2 filhotes, variando de 1-3 em casos mais raros. Os filhotes são carregados nas costas de qualquer indivíduo do bando desde que já seja um adulto, em contraste ao padrão geral dos primatas, os micos-leões mostram um sistema social de grupos familiares territoriais com cuidados cooperativos em relação à prole. Todos na família ajudam a tomar conta dos novos filhotes, seja carregando-os nas costas, defendendo-os contra predadores, fornecendo alimento diretamente aos filhotes ou ensinando os filhotes a procurar presas.

Estudos de 1996 indicam que as populações silvestres de micos-leões-dourados existentes hoje compreendem aproximadamente 1.500 indivíduos que vivem em fragmentos de Mata Atlântica Fluminense estando restritas a duas Reservas Biológicas e a fragmentos florestais e a disponibilidade de recursos alimentícios e para o abrigo são fortes fatores na sobrevivência dos indivíduos.

O mico-leão-dourado é importante na manutenção da vida na floresta, pois atua como dispersor de sementes ao alimentarem delas e posteriormente eliminarem as sementes intactas nas fezes, além de controlar a população de aves ao consumir os ovos nos ninhos. Tem sido utilizado como espécie determinante para a preservação da Mata Atlântica, principalmente no Estado do Rio de Janeiro. É uma espécie ameaçada de extinção, devido à diminuição de florestas que reduzem os habitat destes animais, a caça, o contrabando dos macacos, e outras interferências humanas, tem aumentado os problemas de composição e sobrevivência destes animais nas florestas.

Referências:

COELHO, A.S. Reintrodução do mico-leão-dourado, Leontopithecus rosalia, em fragmentos: sucesso reprodutivo, interações inter-grupais em corredores e conflito social. Universidade Estadual do Norte Fluminense, 2009.

LAPENTA, M.J. O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) como dispersor de sementes na Reserva Biológica União/Ibama, Rio das Ostras, RJ, 2002.

OLIVEIRA, P.P.de; GRATIVOL, A.D.; MIRANDA, C.R.R. Conservação do mico-leão-dourado – Enfrentando os desafios de uma paisagem fragmentada. Universidade Estadual do Norte Fluminense, 2008.

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