Doenças comuns em cães

Mestre em Ciência Animal (UFG, 2013)
Graduada em Medicina Veterinária (UFG, 2010)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Os cães podem ter a saúde afetada por inúmeros fatores intrínsecos e extrínsecos, os quais induzem enfermidades infectocontagiosas, alérgicas e metabólicas. Dentre as doenças comuns em cães, as viroses são de maior ocorrência em indivíduos mais jovens ou imunocomprometidos, já as neoplasias tendem a ocorrer em animais com idade avançada.

Foto: Alexander Raths / Shutterstock.com

A cinomose é uma enfermidade viral bastante comum em filhotes, que cursa com altas taxas de morbidade e letalidade. O agente etiológico é um Morbillivirus da família Paramyxoviridae, que possui tropismo principalmente pelos sistemas respiratório, gastrintestinal, neurológico e tegumentar, além dos tecidos oculares. O contágio ocorre por meio do contato direto com os animais afetados ou por fômites. As alterações neurológicas são bastante recorrentes e a mioclonia é o sinal clássico da virose, que se expressa por contrações musculares involuntárias repetitivas e rítmicas. Nota-se que a encefalomielite provocada pelo vírus representa a principal causa de morte dos cães. A prevenção se dá pela vacinação dos animais.

A outra virose característica de animais jovens é a parvovirose, provocada por um vírus resistente à maioria dos desinfetantes, o que pode promover sua persistência no meio ambiente. A doença provoca uma gastroenterite severa que causa a necrose das criptas do epitélio do intestino delgado e a destruição das vilosidades, o que gera uma diarréia sanguinolenta e fétida. Outros sinais presentes são febre, anorexia, vômito e desidratação. O tratamento inclui a terapia de suporte para a reposição de fluidos e eletrólitos, acrescido de antieméticos e antibioticoterapia. O prognóstico da parvovirose é reservado e a prevenção também é gerada pela vacinação.

As hemoparasitoses são enfermidades transmitidas pela picada do carrapato ou por transfusão sanguínea. Entre os exemplos mais comuns encontram-se a babesiose, a erliquiose e a anaplasmose, que podem ocorrer juntas ou isoladamente. De maneira geral elas causam redução dos elementos sanguíneos celulares e cursam com sinais clínicos como febre, emaciação, anorexia, hepatoesplenomegalia e palidez das mucosas. Pode-se obter o diagnóstico por meio do hemograma com pesquisa de hematozoários, em que esses podem ser encontrados nos esfregaços sanguíneos. Além disso a avaliação das funções renal e hepática e exame de urina devem ser preconizados, para a instituição do tratamento mais adequado.

Os carrapatos além de transmitirem hemoparasitoses podem desenvolver nos cães uma dermatite alérgica de caráter inflamatório e pruriginoso, nomeada de DAPE (dermatite alérgica por picada de ectoparasitas). Essa afecção se dá pela indução da hipersensibilidade imediata ou mediada por células contra as proteínas presentes na saliva de carrapatos ou pulgas.

Outra dermatopatia bastante comum em cães é a atopia, uma doença genética mediada por anticorpos de imunoglobulina tipo E (IgE), mais direcionados contra alérgenos ambientais. Os animais desenvolvem lesões eritematosas, papulares e crostosas, além de piodermite e liquenificação.

Em razão da maior longevidade que os cães têm apresentado a incidência e a prevalência de doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal, osteoartrite e neoplasia tem sido bastante diagnosticadas. As neoplasias mais comuns incluem os tumores da pele e subcutâneo, seguido pelos tumores das glândulas mamárias e do sistema hemolinfático. A quimioterapia é a forma mais convencional de tratamento contra o câncer nos animais, e a escolha do fármaco poderá variar quanto ao tipo de tumor, seu grau histológico, o estadiamento da doença e a capacidade de o paciente e seu tutor suportarem os efeitos colaterais.

Percebe-se que os cães podem ser acometidos por inúmeras doenças e em razão do aumento da expectativa de idade, sugere-se que esses recebam acompanhamento médico veterinário frequente, para que se possa prevenir ou tratar as afecções com precocidade e proporcionar uma melhor qualidade de vida, principalmente na idade avançada.

Leia também:

Referências:

Silva, M C. Neuropatologia da cinomose canina. Tese (doutorado). Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Patologia Veterinária. RS, 110 f, 2009.

Rodrigues & Molinari. Diagnóstico e tratamento de parvovirose canina: Revisão de literatura. Braz. J. Surg. Clin. Res. v.21(2):127-134, 2018.

Costa, HX. Interação de hemoparasitos e hemoparasitoses em casos clínicos de trombocitopenia em cães no município de Goiânia. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, 2011.

Barboza, DV et al. Estudo retrospectivo de neoplasmas em animais de companhia atendidos no hospital de clínicas veterinárias da universidade federal de Pelotas durante 2013 a 2017. Pubvet. v13(4):1-12, 2019.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: