Cascavel

Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)

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A cascavel (Crotalus durissus) é uma cobra venenosa da família Viperidae, subfamília Crotalinae, e sua distribuição geográfica está restrita a América do Sul, da Colômbia até a Argentina de forma descontínua. Estas serpentes possuem um veneno neurotóxico, que atua no sistema nervoso e faz com que a vítima tenha dificuldades de locomoção e respiração. É uma serpente com hábitos predominantemente noturnos, é terrestre e pouco ágil. No Brasil, cinco subespécies de cascavéis podem ser encontradas em áreas do Cerrado, nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste e em áreas abertas do Sul, Sudeste e Nordeste.

As fêmeas de Crotalus durissus apresentam corpos mais largos dos que os dos machos da espécie e podem chegar a 1 metro de comprimento. Uma característica bem conhecida das cascavéis é uma estrutura na extremidade da cauda semelhante a anéis. Ao contrário do que muitos acreditam o número de anéis no chocalho das cascavéis, não representam a idade da cobra, mas sim o número de vezes que a mesma já trocou de pele, o que pode ocorrer de duas a quatro vezes ao ano. Mas é importante saber que mesmo assim, este não é um parâmetro totalmente seguro para afirmar com exatidão o tempo de vida de uma determinada cascavel.

Cobra cascavel (Crotalus durissus). Foto: Susan Schmitz / Shutterstock.com

A dieta das cascavéis geralmente é constituída de vertebrados, principalmente pequenos roedores. A grande maioria destas serpentes apresenta uma dieta que varia ao longo da vida, com jovens se alimentando basicamente de lagartos e cascavéis adultas ingerindo principalmente pequenos mamíferos e aves. Elas detectam suas presas através da temperatura das mesmas por meio de um órgão sensorial chamado de fosseta loreal ou lacrimal que é um pequeno orifício localizado lateralmente na cabeça entre o olho e a narina das cascavéis, com função de orientação térmica.

O ciclo reprodutivo das cascavéis brasileiras aparentemente é bianual, ou seja, ocorrem a cada dois anos. Elas são vivíparas e, portanto, o desenvolvimento embrionário ocorre dentro de ovos que se desenvolvem dentro do corpo da fêmea. A gestação dura de quatro a cinco meses e uma fêmea pode gerar de 6 a 22 filhotes numa mesma ninhada. A época de acasalamento das cascavéis aparentemente é influenciada pelas variações sazonais ocorrendo em períodos de alta temperatura e baixa precipitação (estação seca), com a prole nascendo no início da estação chuvosa.

As cobras cascavéis apresentam dentição solenóglifa, ou seja, dentes inoculadores localizados anteriormente na maxila superior, que se projetam num ângulo de 90º no momento do bote. O veneno neurotóxico da cascavel no corpo humano começa a manifestar os primeiros sintomas clínicos após seis horas do acidente. Os sintomas mais comuns são a flacidez na face, visão turva, visão dupla e paralisia dos músculos dos olhos. Em casos mais graves pode haver insuficiência respiratória aguda.

No Brasil, as seis subespécies de cascavel que constam no levantamento bibliográfico realizado de tempos em tempos pela Sociedade Brasileira de Herpetologia são: Crotalus durissus cascavella, Crotalus durissus collilineatus, Crotalus durissus dryinas, Crotalus durissus marajoensis, Crotalus durissus ruruima e Crotalus durissus terrificus.

Referências Bibliográficas:

Almeida-Santos, S. M.; Orsi, A. M. 2002. Ciclo reprodutivo de Crotalus durissus e Bothrops jararaca (Serpentes: Viperidae): morfologia e função do oviduto. Revista Brasileira de Reprodução Animal 6: 109-112.

Azevedo-Marques M.M., Hering S .E., Cupo, P. Acidente crotálico. In: Animais peçonhentos no Brasil. Biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. 2009. Sarvier, São Paulo. 2ª edição.

Bérnils, R. S. & H. C. Costa. 2015. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2015.2. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acesso em: 22 de maio, 2017.

Sant’Anna, S. S & Abe, A. S. 2006. Diet of the rattlesnake Crotalus durissus in southeastern Brazil (Serpentes, Viperidae). Studies on Neotropical Fauna and Environment 42: 169-174.

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