Aves

Graduação em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2014)

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A classe das aves, maior grupo de vertebrados terrestres, é composta por animais com adaptações exclusivas e bastante especializadas. As aves são animais endotérmicos, ovíparos com fecundação interna e que possuem penas e asas. São bem adaptadas aos habitats terrestre, aquático e aéreo e possuem ampla distribuição, ocorrendo desde as regiões polares até o equador. A maior biodiversidade de aves, porém, se encontra nos trópicos. Vivem em montanhas, matas, desertos e oceanos - retornando à terra apenas para se reproduzir e construir seus ninhos.

Aves. Foto: H. K. Job [Public domain], via Wikimedia Commons

Aves. Foto: H. K. Job [Public domain], via Wikimedia Commons

O voo, a principal característica evolutiva do grupo, impôs uma estrutura básica nas aves, moldando muitos aspectos de sua anatomia. Toda sua morfologia, anatomia e fisiologia é adaptada ao voo e contribui para uma boa aerodinâmica, dentre as quais podemos destacar:
  • Desenvolvimento das penas;
  • Presença de quilha, expansão do osso esterno, na qual se prendem os músculos que movimentam as asas;
  • Desenvolvimento de ossos pneumáticos;
  • Perda,atrofia ou fusão de ossos e órgãos (dentes, bexiga, ovário direito, por exemplo);
  • Desenvolvimento de um sistema de sacos aéreos;
  • Postura de ovos;

O voo ainda é responsável pela maioria das características do modo de vida das aves, influenciando na sua distribuição, reprodução e alimentação, por exemplo. Uma dessas características mais peculiares é a migração, que é definida como o movimento sazonal de uma determinada população ou espécie entre uma área de alimentação e uma área de reprodução, periodicamente. As aves migratórias costumam apresentar um grande acúmulo de gordura em determinadas regiões do corpo, que serve de reserva energética para longos voos, e possuem um preciso senso de orientação.

Estrutura

O esqueleto das aves é composto por ossos ocos e cheios de ar- os chamados ossos pneumáticos. A pneumatização dos ossos é feita pelos sacos aéreos que são extensões do pulmão e se estendem através dos forâmes pneumáticos, preenchendo os ossos de ar. Essa estrutura faz com que a ave possua um esqueleto leve e resistente.

O coração das aves possui dois átrios e dois ventrículos, sendo que o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo são totalmente separados, impedindo a mistura de sangue arterial com sangue venoso.

Na maioria das aves o amolecimento e armazenamento dos alimentos é realizado por uma dilatação do esôfago conhecida como papo. O estômago é composto por duas regiões: uma química, onde ocorre a produção de enzimas digestivas e uma mecânica (moela), onde ocorre a trituração dos alimentos. Depois de parcialmente digerido pelo estômago químico e triturado pela moela o alimento é direcionado ao intestino, onde será totalmente digerido e os nutrientes serão absorvidos. O sistema digestório termina em uma cloaca- estrutura onde se abrem o canal intestinal, o aparelho urinário e o aparelho genital.

O sistema respiratório é composto por pulmões pequenos e expandidos por sacos aéreos, os quais não realizam trocas gasosas mas auxiliam no fluxo de ar. Essa separação da ventilação (sacos aéreos) e das trocas gasosas (pulmões) permite o fluxo contínuo de ar, o que possibilita que a ave extraia até 10 vezes mais oxigênio do que os mamíferos. A siringe é uma estrutura situada junto ao sistema respiratório e é responsável pela emissão de sons. Ela se localiza na parte inferior da traqueia e é bem desenvolvida nas aves cantoras.

Penas

Assim como as escamas córneas dos répteis, são multiplicações epidérmicas cujas células acumularam grandes quantidades de queratina. É a principal característica que distingue as aves de outros animais. São divididas em seis tipos: penas de contorno, semiplumas, fitoplumas, plumas, pulviplumas e cerdas. As penas estão diretamente relacionadas a dois mecanismos muito importantes para as aves:

  • Termorregulação: As penas são um importante componente do sistema termorregulador, que mantém o equilíbrio entre a produção de calor, por processos metabólicos, e a sua perda. As penas de contorno (tectrizes) cobrem as plumas e criam um eficiente espaço morto aerado que isola o corpo porque impede a passagem das correntes de convecção de ar através da superfície corporal, que poderiam retirar o calor.
  • Voo: As penas de contorno na parte posterior do braço, mão e cauda formam superfícies de voo, denominando-se penas de voo. As penas das asas são chamadas de remiges. As penas da cauda (retrizes) são usadas para direção e frenagem durante o voo. Na aerodinâmica, as penas de contorno criam junções regulares entre as asas e o corpo, diminuindo a resistência ao vento.

Classificação

Provenientes de uma linhagem de dinossauros que desenvolveu o voo no Mesozóico, as aves atualmente estão inseridas no subfilo Vertebrata do filo Chordata. Suas mais de 9000 espécies descobertas até hoje é dividida nas seguintes ordens:

  • Tinamiformes (Macucos, inambus, codornas)
  • Casuariiformes (Emus e casuares)
  • Rheiformes (Emas e nandus)
  • Struthioniformes (Avestruz)
  • Dinornithiformes (Kiwis)
  • Galliformes (Mutuns, jacus, aracuãs, faisões, perus)
  • Anseriformes (Patos, gansos, cisnes, tachãs, anhumas)
  • Passeriformes (Pássaros - Pardal, Bem-te-vi)
  • Piciformes (Pica-paus, tucanos, arirambas, araçaris)
  • Coraciiformes (Martins-pescadores, juruvas)
  • Trogoniformes (Surucuás)
  • Coliiformes ("mousebirds")
  • Apodiformes (Beija-flores, andorinhões)
  • Caprimulgiformes (Bacuraus, curiangos, urutaus)
  • Strigiformes (Corujas)
  • Cuculiformes (cucos, cigana)
  • Gruiformes (Saracuras, pavãozinho-do-Pará, grous, seriemas)
  • Charadriiformes (Gaivotas, quero-quero, batuíras, trinta-réis)
  • Columbiformes (Pombos, rolinhas)
  • Falconiformes (Gaviões, carcarás, águias, condores)
  • Ciconiiformes (Garças, socós, cegonhas, curicacas, colhereiros, urubus)
  • Pelecaniformes (Atobás, biguás, fragatas, pelicanos)
  • Podicipediformes (Mergulhões)
  • Sphenisciformes (Pinguins)
  • Gaviiformes ("Loons")
  • Phoenicopteriformes (Flamingos)
  • Musophagiformes (Turacos)

Conservação

O Brasil possui uma das mais ricas avifaunas do mundo, com mais de 1690 espécies, sendo a Amazônia e a Mata Atlântica os dois biomas com maior diversidade brasileira. Atualmente, 193 espécies e subespécies de aves estão ameaçadas de extinção, sendo que destas 119 estão restritas ao Brasil e 75,6% das espécies ameaçadas vivem na Mata Atlântica, o que o torna o bioma mais crítico para a conservação de aves.

A principal ameaça para as aves nacionais é a fragmentação e degradação de habitats, seguida pela captura excessiva. Outras ameaças incluem a invasão de espécies exóticas, poluição, a perturbação antrópica e as alterações na dinâmica das espécies nativas. Outros grandes problemas são os cuidados em cativeiro e a liberação de um grande número de aves confiscadas pelas autoridades em locais impróprios (fora de sua distribuição geográfica natural) e sem uma avaliação apropriada de seu estado de saúde, resultando em efeitos dessas solturas desconhecidos.

Bibliografia:
https://anatomicamentefalando.wordpress.com/tag/esqueleto/

Nespoli, Ziléa Baptista & Magalhães, Maurício- Zoologia dos Vertebrados / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro: UCB, 2008. - 44 p.: il.

Pough, F. Harvey; Janis, Christine M. & Heiser, John B. - A Vida dos Vertebrados- 4º Edição, Atheneu Editora São Paulo, 2008

Laurence, J. – Biologia- 1º Edição, Editora Nova Geração, 2007

Marini, Miguel Ângelo & Garcia, Frederico I. – Conservação de Aves no Brasil, Researchgate, 2005

Arquivado em: Aves, Cordados
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