Baleia azul

Mestre em Dinâmica dos Oceanos e da Terra (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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A Baleia Azul (Balaenoptera musculus) é o maior mamífero e, possivelmente, o maior animal a habitar o Planeta Terra, alcançando até 30 metros de comprimento e peso de 200 toneladas. Para efeito de comparação, o elefante africano, um dos maiores animais terrestres do mundo, pode pesar até 13 toneladas. Portanto, se fosse um animal terrestre, a Baleia Azul seria esmagada pelo seu próprio peso, caso não possuísse ossos grandes e pesados para sustentá-la; entretanto, como um animal marinho, seu corpo é sustentado pela água. Esta relação com a densidade da água e a abundância de recursos alimentares, são os dois principais fatores que possibilitaram o crescimento extraordinário desta espécie.

Baleia azul (Balaenoptera musculus). Foto: NOAA

Alimentação

Assim como outros cetáceos da subordem Mysticeti, a Baleia azul não possui dentes e alimenta-se exclusivamente de pequenos crustáceos denominados krill. Estima-se que estas baleias consumam até 4 toneladas de krill por dia, o qual fica retido em suas “barbatanas bucais”, estruturas formadas por uma série de placas de queratina sobrepostas (entre 260-400) que ocupam o lugar dos dentes nestes animais. Durante a alimentação, sulcos presentes na garganta da Baleia Azul se expandem, permitindo a entrada de grandes quantidades de água e alimento em sua boca; quando esta se fecha, a água é expelida através das barbatanas bucais e o alimento fica retido em seu interior, sendo posteriormente levado ao estômago com o auxílio da língua.

Ecologia

A Baleia Azul é uma espécie cosmopolita, e realiza migrações sazonais para regiões tropicais durante o inverno com fins reprodutivos. Já no verão, esta espécie movimenta-se em direção às águas mais frias e produtivas dos polos à procura de alimento. Estes cetáceos geralmente são avistados em pares, mas podem ser encontrados solitários, em pequenos ou grandes grupos de até 60 indivíduos (este último associado a áreas de alimentação). Seu corpo alongado e aerodinâmico contribui para a alta velocidade de natação da espécie, que pode alcançar até 48,3 km/h em situações de alerta. A Baleia Azul apresenta, em geral, uma coloração azulada-acinzentada, porém nas águas frias da Antártica, Atlântico Norte e Pacífico Norte costuma apresentar a região ventral amarelo-esverdeada, devido à presença de micro-organismos do fitoplâncton denominados diatomáceas. Outras características destes animais são a sua cabeça achatada e larga em forma de U, uma pequena nadadeira dorsal e a emissão de sons de alta e baixa frequência que podem ser ouvidos a milhares de km de distância. Esta última, inclusive, deu à espécie o título de voz mais poderosa do reino animal, visto que seus sons podem alcançar até 188 decibéis.

Baleia azul (Balaenoptera musculus). Foto: Andrew Sutton / Shutterstock.com

Reprodução

A Baleia Azul atinge a maturidade sexual entre 5-10 anos, e sua gestação dura até 12 meses. O novo filhote nasce com 7 a 8 metros de comprimento, pesando em média 3 toneladas, e apresenta uma das maiores taxas de crescimento do reino animal, ganhando até 90 kgs por dia em seus primeiros meses de vida, quando ainda é alimentado pela mãe. Em geral, um novo indivíduo é adicionado à população a cada 2-3 anos, porém, suspeita-se que este intervalo esteja diminuindo como resposta à caça destes animais, em uma tentativa de manter suas populações em equilíbrio.

Ameaças

O declínio da Baleias Azul se iniciou no século 20, com o advento de novas tecnologias de navegação e caça, como navios motorizados e arpões explosivos, e teve seu auge registrado na década de 30, quando mais de 29.000 baleias foram mortas em apenas uma temporada. Em 1966, a Comissão Baleeira Internacional proibiu a caça destes animais, que enfrentam obstáculos para sua recuperação até os dias atuais, e são classificadas como ameaçadas de extinção pela IUCN. A poluição marinha e o aquecimento global são alguns dos desafios enfrentados para a conservação destas baleias, visto que afetam a disponibilidade de recursos alimentares, comprometendo a sobrevivência da espécie. Algumas das populações restantes são, inclusive, classificadas como uma subespécie da Baleia Azul conhecida como “pygmy blue whales” (em livre tradução - Baleias Azul pigmeias), uma versão menor das Baleias Azuis tradicionais.

Referências:

American Cetacean Society: http://acsonline.org/fact-sheets/blue-whale-2/

Animal Diversity Web: http://animaldiversity.org/accounts/Balaenoptera_musculus/

The IUCN Red List of Threatened Species: http://www.iucnredlist.org/details/full/2477/0

WWF Global: http://wwf.panda.org/what_we_do/endangered_species/cetaceans/about/blue_whale/

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