Novelas de cavalaria

Mestra em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP, 2012)
Graduada em Letras (PUC-SP, 2008)

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As novelas de cavalaria são compostas por estórias que retratam grandes batalhas e feitos heroicos. A sua origem medieval é comumente apontada pelos pesquisadores em vinculação com as canções de gesta.

A atmosfera mística e a realidade histórica cavalheiresca criam o cenário medievo e são ingredientes essenciais para a alquimia romanesca natural da humanidade. Neste clima propício à criação ficcional, os textos cavaleirescos se apropriam da História acontecida para elaborar as estórias narradas.

O conteúdo da prosa medieval varia de acordo com a imaginação do artista. Muitos repetem as mesmas temáticas históricas e lendárias, mas com recortes únicos e engenho ficcional singular; um bom exemplo é a especulação em torno do Santo Graal.

Ainda que muitos escritores sigam o rastro da teoria cristã de que o Graal é o cálice usado por Jesus Cristo na última ceia, cada escritor aborda o assunto à sua maneira, para uns o cálice é redondo e simples, para outros é um objeto luxuoso e há os que acreditam ser um artefato divino e intocável. Hoje se admite até a hipótese de que o Graal não seja um objeto e sim uma pessoa, de acordo com o romance O Código da Vinci, de Dan Brown.

As novelas de cavalaria que contam a história do rei Carlos Magno, no chamado Ciclo Carolíngio, bebem na fonte da poesia medieval francesa, usando o mesmo caráter religioso e bélico.

  • Canção de Rolando: narra a derrota de Rolando, sobrinho do rei Carlos Magno, para os muçulmanos, na passagem dos Pirineus.
  • Canção de Turpin: narra a proteção de Carlos Magno ao Santuário de São Tiago de Compostela a fim de impedir a invasão moura;
  • Maynete: narra o refúgio de Carlos Magno em Toledo, território mouro, disfarçado de Maynete. Envolve-se com Galiana, filha do rei. Os rivais tentam matá-lo, mas ele vence a batalha.

As novelas pertencentes ao Ciclo Greco-Latino remontam às estórias gregas e romanas: Romance de Tebas, Romance de Tróia, Romance de Enéias. O Ciclo Bretão ou Arturiano é constituído por novelas de cavalaria que resgatam as lendas célticas e elegem como personagem principal o rei inglês, Artur.

Com o advento do Humanismo, as narrações de cavalaria adquirem novos formatos e temas. As conquistas heroicas dos povos francês e inglês passam a dividir espaço com as novelas que contam o feito épico do que começa a ser a grande expansão portuguesa.

Já na Espanha, Cervantes tem um olhar crítico com relação à simbologia do cavaleiro medieval, tanto que o seu Dom Quixote luta contra moinhos de vento. É a ficção se colocando em seu lugar de fala, mais interessada na imaginação do que no momento histórico. Isso demonstra também o aprimoramento natural da escritura literária.

Referências:

SIMAS, Mônica. Novelas de Cavalaria. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4316603/mod_resource/content/1/Novelas%20de%20cavalaria.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2019.

Arquivado em: Gêneros Literários
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