Périplo africano

Mestre em História (PUC-SP, 2016)
Graduada em História (PUC-SP, 2010)

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A partir de meados do século XV, os europeus passaram a buscar rotas para o Oriente que não atravessassem o Mediterrâneo – dominado pelos turcos otomanos após a tomada de Constantinopla, em 1453. Assim, seria possível manter os grandes lucros obtidos com a comercialização, na Europa, de produtos orientais diversos, como especiarias e tecidos.

Portugal foi pioneiro nessa empreitada, as Grandes Navegações, favorecido por fatores como sua posição geográfica; a existência de uma monarquia centralizada; a experiência adquirida em navegações; o investimento em conhecimentos náuticos; e os investimentos de comerciantes genoveses.

Em 1415, simbolizando o início de sua expansão ultramarina, os portugueses conquistaram Ceuta, no Norte da África, para tentar controlar o comércio da região, na qual os árabes vendiam produtos orientais aos italianos.

No entanto, uma vez que, nesse momento, os resultados esperados não foram obtidos, Portugal deu continuidade à expansão pelos mares contornando a costa ocidental da África, fenômeno conhecido como périplo africano (“périplo” significa navegação, viagem ao redor de uma área). Muitos dos conhecimentos e técnicas utilizados nessas viagens foram desenvolvidos pela Escola de Sagres, grupo de estudiosos reunidos pelo infante D. Henrique, filho de D. João I, rei de Portugal desde 1385.

A primeira região à qual os portugueses chegaram após Ceuta foram à Ilha da Madeira, em 1419. Alguns anos depois, em 1428, chegaram à Ilha dos Açores. O ano de 1434 foi marcado pelo fato de os navegadores, sob o comando de Gil Eanes, dobrarem o Cabo Bojador, também chamado de Cabo do Medo, onde havia recifes pontiagudas que dificultavam a passagem das embarcações, danificando-as ou mesmo provocando naufrágios. Segundo o imaginário da época, esses acidentes eram causados por monstros marinhos.

A chegada a Cabo Verde data de 1456, e lá, os portugueses instalaram engenhos de açúcar. A partir de 1462, a exploração da Guiné passou a render lucros a Portugal com atividades como a o tráfico de africanos escravizados. Ao Congo, também para explorar o território, chegaram em 1482.

Cinco anos depois, ocorreria um dos principais eventos ligados ao périplo africano: o contorno do Cabo das Tormentas, no sul da África, por Bartolomeu Dias – posteriormente, passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança.

Contornado o litoral Oeste africano, explorando as regiões alcançadas e instalando feitorias nesses locais, os portugueses puderam concretizar o principal objetivo que os fez investir nas Grandes Navegações: chegar ao Oriente por uma rota que não atravessasse o Mediterrâneo.

O feito teve início em julho de 1497, quando Vasco da Gama partiu de Portugal – na época sob o reinado de D. Manuel I – com sua frota. Pela rota do Cabo e após algumas paradas no continente africano, chegaram a Calicute, na costa ocidental da Índia, no ano de 1498. Estava consolidado o périplo africano.

Referências:

MACEDO, José Rivair (Org.). Desvendando a história da África. Porto Alegre: Editora da UFGRS, 2008.

SCHWARCZ, Lilia M. STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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