Orações reduzidas

Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Categorias: Português
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Podemos reconhecer orações reduzidas pela forma com que se apresentam: são orações subordinadas que introduzem uma oração sem uso de um conectivo, apresentando um verbo em uma de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). Como se vê nos exemplos a seguir:

  1. “É importante ter uma alimentação balanceada”;
  2. “O governo disse ser importante a aprovação das medidas propostas”;
  3. “Às vezes gosto de ficar sozinho em casa”.

Orações reduzidas se opõem às orações desenvolvidas, aquelas orações subordinadas iniciadas por conectivo. E, virtualmente, toda oração reduzida pode ser eventualmente passada à forma desenvolvida:

  1. “É importante que se tenha uma alimentação balanceada”;
  2. “O governo disse que é importante a aprovação das medidas propostas”;
  3. “Às vezes gosto que eu fique sozinho em casa”.

Funções das orações reduzidas

Quanto à função, como toda oração subordinada, as orações reduzidas desempenham alguma função sintática na relação com o verbo da oração principal.

Nas orações anteriores: na primeira delas há um verbo de ligação “É” seguido de um nome adjetivo “importante”, que predica um sujeito para lhe atribuir a característica que refere no seu significado, precisa existir algum ente, algum elemento, para ser qualificado como “importante”. Esse ente vai assumir a função sintática de sujeito e, nessa oração, o sujeito não se apresenta sob forma de um nome substantivo, como poderia ser (O amor é importante), mas sob a forma de uma oração, uma frase que contém um verbo “ter uma alimentação balanceada”. A oração reduzida de infinitivo recebe a classificação de oração subordinada substantiva subjetiva, mencionando que está reduzida de infinitivo.

E todas as outras posições sintáticas também podem apresentar elementos sob a forma de oração em lugar de um nome, muda-se apenas a forma e não a função. No segundo exemplo, a oração subordinada substantiva é objetiva direta reduzida de infinitivo, visto que a oração reduzida “ser importante a aprovação das medidas propostas” é um elemento que completa o sentido do verbo “dizer” da oração principal sem uso de preposição. Note-se que poderíamos substituir a oração reduzida pelo pronome “isso”: “O governo disse isso”, em que fica mais fácil visualizar a relação sintática entre o verbo e seu objeto direto.

No terceiro exemplo, a oração reduzida tem função sintática de objeto indireto, selecionado como complemento do verbo “gostar” da oração principal e iniciado pelo uso obrigatório de preposição, sendo classificada como oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo.

Outras funções sintáticas podem apresentar-se sob forma de uma oração ao invés de um nome, em orações substantivas, adjetivas ou adverbiais. Nas outras funções de orações substantivas – predicativas “O melhor seria sistematizarem todo o processo”; completivas nominais “Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez”; apositivas “A empresa nos fez uma proposta: assinarmos um novo contrato”.

Também adjetivas restritivas “Ele foi o único a se lembrar do prazo final para inscrição no vestibular”, adjetiva explicativa “Aquela no palco, vestida de flor, é minha filha”. Ou ainda as adverbiais com os mais diversos significados adverbiais, como as causais “O governo lamenta por não ter cumprido a meta fiscal” (porque não cumpriu a meta fiscal); final “O governo concedeu isenção de impostos para beneficiar empresários” (para que fossem beneficiados empresários amigos); concessiva “Apesar de os servidores do estarem com salários atrasados, o governador e os deputados pagaram com juros os salários dos secretários de governo”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira,. 2009.

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