Protocooperação

Por Pâmela Castro Dutra
Categorias: Relações Ecológicas
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Protocooperação ou mutualismo facultativo é o nome dado à relação ecológica em que duas espécies se associam e garantem para si benefícios, mas que apesar da troca de benefícios, não requerem a presença permanente uma da outra. Ocorre entre indivíduos de espécies diferentes, ou seja, é interespecífica.

Um clássico exemplo desta relação é o caso dos crustáceos do gênero Pagurus, conhecidos como caranguejos-eremita, e algumas espécies de anêmonas-do-mar.

Diferentemente dos demais caranguejos, o caranguejo-eremita não possui uma carapaça resistente que recubra seu abdome delicado. Para se proteger, ocupa conchas abandonas por caramujos que, comumente, estão fixadas as anêmonas-do-mar. Graças aos tentáculos dotados de células urticantes das anêmonas, o caranguejo-eremita garante para si proteção contra predadores, que podem ser feridos pelos tentáculos. Em troca, as anêmonas conseguem se aproveitar da mobilidade do caranguejo, além de também conseguirem garantir sobras de alimento deixadas por ele. Embora estes animais possam viver separados, na maioria das vezes são encontrados em associação.

Protocooperação, entre ave e bovino. Foto: chainarong / Shutterstock.com

Outro exemplo de protocooperação é observado entre mamíferos como capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), búfalos, bovinos e rinocerontes e aves que se alimentam de carrapatos. Sobre o corpo destes mamíferos, as aves retiram os carrapatos para alimentarem-se. Em troca, garantem a eles conforto, livrando-os dos parasitas antes fixados em suas peles.

Uma relação parecida ocorre entre algumas espécies de crocodilos e aves: estes crocodilos permitem tranquilamente que as aves entrem em sua boca, que retiram dela detritos e parasitas como sanguessugas para alimentarem-se.

Animais que atuam como dispersores de sementes também estabelecem com plantas uma relação de protocooperação. Um exemplo de como isso ocorre é a relação existente entre o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e a lobeira ou fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum). Esta planta representa cerca de 80% da dieta do lobo. Quando ele se alimenta de seus frutos, engolem suas sementes, que saem intactas em suas fezes. Isso permite à lobeira que suas sementes sejam levadas a outros locais, ou seja, que sejam dispersadas. Muitos outros animais como aves e morcegos, ao alimentarem-se de frutos, podem atuar na dispersão de suas sementes.

A polinização das flores realizada por animais também pode ser considerada um caso de protocooperação, e, assim como a dispersão de sementes, também garante o sucesso reprodutivo das plantas. Diversos animais (insetos e aves, por exemplo), ao alimentarem-se do néctar das flores, retiram destas o pólen, levando-o até outras flores, que são fecundadas. Desta forma, enquanto a polinização permite a reprodução das plantas, supre as necessidades alimentares destes animais.

Referências bibliográficas:

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia em Contexto. 1ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2013.

ROSA, Simone Dala. Morcegos (Chiroptera, Mammalia) de um remanescente de restinga, estado do Paraná, Brasil: Ecologia da comunidade e dispersão de sementes. 2004. Disponível em: < http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Pesquisa%20em%20UCs/resultados%20de%20pesquisa/Dissertacao_Simone_Dala_Rosa.pdf>.

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