Formação de palavras

Graduação em Letras Português e Inglês (Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010)

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A formação de palavras tem diferentes processos de combinação de morfemas para formar novas palavras. Os principais processos de formação são a derivação e a composição.

Derivação é o processo pelo qual palavras novas são criadas a partir de outras já existentes na língua, alterando, assim, o sentido. AS palavras novas são chamadas de Derivadas e as que lhe dão origem, Primitivas. A Derivação pode ser dividida conforme abaixo:

Derivação prefixal ou por prefixação

É quando acontece um acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Exemplo:

In + feliz - infeliz

In – prefixo

Feliz – palavra primitiva

Infeliz – palavra nova (derivada)

Derivação Sufixal ou Por Sufixação

É quando acontece um acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Exemplo:

Mal + vado – malvado

Mal – palavra primitiva

Vado – sufixo

Malvado - palavra nova (derivada)

Essa derivação sufixal tem por finalidade formar séries de palavras da mesma classe gramatical e a partir dela são formados novos substantivos, adjetivos, verbos e até advérbios; por isso são classificados em:

  • Nominal: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um substantivo ou a um adjetivo. Exemplo: ponteira – pontinha – pontudo.
  • Verbal: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um verbo. Exemplo: amanhecer – atualizar - suavizar.
  • Adverbial: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um advérbio de modo. Exemplo: perigosamente – felizmente – religiosamente.

Derivação prefixal e sufixal

É quando acontece um acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exemplo:

In + feliz = mente - infelizmente

In – prefixo

Feliz – palavra primitiva

Mente - sufixo

Infelizmente – palavra nova (derivada)

Na Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo ou apenas do sufixo na palavra primitiva é suficiente para a formação de uma nova palavra – infeliz ou felizmente.

Derivação parassintética

É quando acontece um acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exemplo:

Em + pobre + cer = empobrecer

Em – prefixo

pobre – palavra primitiva

cer - sufixo

Empobrecer – palavra nova (derivada)

Diferente da Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo e apenas do prefixo na palavra primitiva não é suficiente para a formação de uma nova palavra. No caso da palavra empobrecer, por exemplo, ela só existe com ambas as derivações aplicadas simultaneamente.

Derivação regressiva

É quando acontece uma redução na palavra primitiva. Exemplo: flagrante – flagra, delegado – delega, português – portuga

A Derivação Regressiva tem maior importância na formação de substantivos deverbais ou pós-verbais, que foram unidos por uma das vogais –o, -a ou –e ao radical do verbo. Exemplos:

  • Ajudar – a ajuda
  • Perder – a perda
  • Vender – a venda
  • Debater – o debate
  • Cortar – o corte
  • Atacar – o ataque
  • Atrasar – o atraso
  • Chorar – o choro
  • Apelar – o apelo

Derivação imprópria

As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer alteração na forma. Exemplo:

  • Os bons sempre se prejudicam. – Adjetivo substantivado
  • O argumento da advogada foi bem claro. – Adjetivo adverbializado

Composição

Composição é o processo pelo qual palavras novas são formadas pela junção de duas ou mais palavras, ou seja, de dois ou mais radicais. Essas palavras são chamadas de Compostas em oposição às simples, que possuem um só radical. A Composição pode acontecer de duas formas, conforme abaixo:

Composição por aglutinação

É a junção das palavras em que elas sofrem alteração fonética. Exemplos:

Plano + Alto: planalto – queda do o

Água + ardente: aguardente – queda do a

Perna + alta: pernalta – queda do a

Em + boa + hora: embora – queda do a

Composição por justaposição

É a junção das palavras em que elas não sofrem alteração fonética. Exemplos:

Ponta + pé: pontapé

Gira + sol: girassol

Passa + tempo: passatempo

Madre + pérola: madrepérola

Além desses casos, existem casos especiais de palavras compostas que não são formadas a partir de outras palavras da língua portuguesa, mas sim de radicais pertencentes a outras línguas. Estes classificam-se em:

Compostos Eruditos

Quando as palavras são compostas de radicais apenas latinos ou gregos. Exemplos:

Agrícola – agri- (latim) + -cola (latim)

Piscicultura – pisci- (latim) + -cultura (latim)

Pentágono – penta- (grego) + -gono (grego)

Hibridismo

Quando as palavras são compostas de radicais de idiomas diferentes. Exemplos:

Monocultura: mono- (grego) + -cultura (latim)

Bicicleta: bi- (latim) + -ciclo (grego) + -eta (francês)

Automóvel: auto- (grego), -móvel (latim)

Outros meios usados para a criação de palavras é o Neologismo e a Onomatopeia:

Neologismo

Quando novas palavras são criadas a partir de uma necessidade do falante em contextos específicos que podem ser temporárias ou permanentes em vista de um novo conceito. Exemplos:

Informática – informatizar

O Neologismo pode ser classificado em três tipos:

Neologismo semântico

Quando a palavra já existente ganha um novo significado. Exemplo:

Ana disse que deu zebra quando ela tirou o binóculo da bolsa. – deu errado

Marcelo faz bico para ajudar nas contas da casa. – trabalho temporário

Neologismo sintático

Quando existe uma combinação de elementos já existentes na língua como a derivação ou a composição. Exemplo:

João Paulo II ganhou o mundo papalizando com carisma.

A não-informação conduz as pessoas à ignorância.

Neologismo lexical

Quando uma nova palavra é criada, com um novo conceito. Exemplo:

Deleter – apagar, eliminar

Internetês – a língua da internet

Onomatopeia

Quando a palavra imita, representa certos sons. Exemplos:

Tique-tique

Chuá-chuá

Atchim

Plaft

Dingo-dong

Referência Bibliográfica:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 27 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. 506p.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014. 512p.

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