A niacina ou vitamina B3 (terceira vitamina do complexo B a ser identificada), está presente de forma abundante nos alimentos de origem animal e vegetal. Podemos encontrá-la no fígado, rins e coração, também nas leveduras, amendoim e germe de trigo. Classificadas como fontes pobres de niacina, por conter baixa concentração desse composto, estão as frutas, o leite e os ovos.
O termo niacina corresponde à uma denominação genérica para designar tanto o ácido nicotínico, quanto a nicotinamida. Causam uma série de controvérsias, já que comumente são associados à nicotina do tabaco. Embora o ácido nicotínico tenha sido inicialmente identificado a partir da oxidação da nicotina, não correspondem à mesma substância. Desta forma, empregam-se habitualmente os termos ácido niacínico, em substituição ao ácido nicotínico e, o termo niacinamida, em substituição à nicotinamida.
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Propriedades
A niacina é uma vitamina do complexo B levemente solúvel em água e bastante solúvel em soluções alcalinas. Sendo assim, é insolúvel em gorduras e apresenta estabilidade a temperaturas mais elevadas e à luz, não sendo destruída pelo aquecimento.
A niacinamida, juntamente a tiamina e riboflavina, desempenham a função de coenzima na oxidação dos tecidos. Executa suas funções nas mitocôndrias, na forma de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+, NADH + H+) e de nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP+, NADPH + H+).
Necessidades diárias recomendada
A síntese da niacina em humanos é insuficiente para suprir as necessidades metabólicas diárias, sendo necessário suprir através da sua ingestão. Pode ter ação como vitamina ou como fármaco, a depender da dosagem a ser consumida.
A dose diária recomendada é de 15 a 20 mg para homens e de 13 a 15 mg para mulheres, podendo ser um pouco maior para adolescentes, bem como durante a gestação e lactação. Existem alimentos que podem suprir grande parte das necessidades metabólicas de niacina, como é o caso do aminoácido triptofano presente em diversas proteínas, onde 60 mg deste aminoácido equivalem a 1 mg de niacina. Isto ocorre porque o triptofano é um precursor do ácido niacínico, ou seja, uma parcela do triptofano pode ser convertida biologicamente em niacina. Assim, a niacina é a única vitamina que tem um aminoácido como precursor.
Outro precursor do ácido niacínico é a trigonelina, um composto nitrogenado encontrado no café verde. Quando o café é torrado, ocorre uma reação química de transformação por aquecimento, denominada pirólise, onde a trigonelina é convertida a vários subprodutos, incluindo o ácido niacínico.
Efeitos da Hipo e da Hiper-vitaminose
A niacina foi inicialmente denominada vitamina PP, que vem de fator de prevenção da pelagra. A origem da palavra pelagra é italiana, surgindo da expressão pelle agra, que significa pele áspera. De fato, a deficiência de niacina causa sérias consequências à saúde, frequentemente acompanhada da deficiência de outras vitaminas.
A pelagra é caracterizada pela doença dos 3 D: dermatite, diarreia e demência. Na dermatite se observa a presença de erupções ou lesões cutâneas. Os sinais mais comuns incluem a apatia, perda de memória, inflamação da boca e língua (glossite), alterações na mucosa do estômago e intestino, além de afetar o sistema nervoso. Atualmente, a pelagra se encontra restrita a países subdesenvolvidos, sendo uma doença associada à pobreza e ao alcoolismo.
Em cães, a deficiência de niacina causa uma lesão na língua, conhecida como língua negra. Tanto em humanos, quanto em animais, a suplementação através de dieta rica em niacina é efetiva na cura da doença.
Em relação à hipervitaminose, doses elevadas dessa vitamina, descritas como acima de 1g ao dia, podem resultar em efeitos adversos, onde os mais descritos incluem: vasodilatação, causando cefaleia, ardência e rubor facial; problemas gástricos, alterações no fígado e aumento da glicemia.
Ação farmacológica
O ácido niacínico foi o primeiro fármaco a ser utilizado no tratamento de dislipidemias, por via oral na clínica médica. Em doses farmacológicas, de 1 a 4 g ao dia, melhora o perfil lipídico em pacientes com dislipidemias, reduzindo os efeitos aterotrombóticos, além de aumentar efetivamente o HDL (lipoproteína de alta densidade)-colesterol. Contudo, nesta dosagem pode causar efeitos adversos.
Bibliografia:
de MARIA, C.A.B.; MOREIRA, R.F.A. A intrigante bioquímica da niacina: uma revisão crítica. Quím. Nova [online]. 2011, vol.34 (10). São Paulo. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422011001000007.
SANTOS, R.D. Farmacologia da niacina ou ácido nicotínico. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 85, Suplemento V, 2005. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/%0D/abc/v85s5/v85s5a05.pdf.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/bioquimica/niacina/