Cumaru

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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Cumaru é uma árvore pertencente à família Fabaceae, com potencial madeireiro, ornamental, cosmético, medicinal e que produz um fruto conhecido como cumbaru ou baru.

O nome popular cumaru está relacionado ao gênero Dipteryx, que pertence à família botânica Fabaceae. A espécie Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. é a denominação científica que geralmente representa o nome popular cumaru. Os nomes vernaculares cumaru-cetim, cumaru-de-cheiro, cumaru-ferro, cumbaru, baru, cumaru-verdadeiro, cumaru-do-amazonas, cumaru-amarelo estão associados com as várias espécies do gênero Dipteryx, além de outros gêneros que também pertencem a família Fabaceae ou não. Na Amazônia Meridional o gênero Handroanthus, da família Bignoniaceae é comumente conhecido como ipê, ipê-amarelo, ipê-rosa, também chega a ser associado ao nome popular cumaru e comercializado por empresas de manejo florestal no estado do Pará. Na Amazônia Sul-Ocidental o cumaru-cetim é conhecido pelo gênero Apuleia (Apuleia leiocarpa - Fabaceae) e o cumaru-de-cheiro pelo gênero Amburana (Amburana acreana – Fabaceae). A prática de utilizar muitos nomes populares para se referir a uma única espécie assim como diferentes espécies estarem sob um único nome comum demonstra que não existe padronização que associe ao nome popular ao científico. O grau com o qual as espécies populares correspondem exatamente à, assim chamada, espécie científica, muitas vezes é impressionante mas para outros propósitos pode não ser tão simples. Estas associações podem conduzir a erros impressionantes a respeito da identidade científica de uma planta. Estes exemplos mostram como o cumaru e os outros nomes populares associados a ele, dependendo do local e mesmo da região, podem não se tratar da mesma espécie de planta. O fato de existir grande variação regional e mesmo local do uso de nomes populares associados a nomes científicos pode levar a uma identificação confusa e mesmo incorreta. Localizar nomes científicos através de nomes populares pode ser relativamente mais fácil para as plantas domesticadas a mais tempo e ser mais comum no caso das frutíferas. O cupuaçu e o cacau, pertencem ao mesmo gênero botânico Theobroma e família Malvaceae. Possuem cada um, uma única espécie associada ao seu nome popular (cupuaçu - Theobroma grandiflorum, cacau – Theobroma cacao). Independentemente do lugar as pessoas utilizam este nome popular e correlacionam com o nome científico. Os nomes populares podem ajudar na identificação de espécies de plantas mas devem ser considerados com o mesmo rigor com que são considerados os nomes científicos.

Sementes de cumaru. Foto: vandycan / Shutterstock.com

No Brasil, o gênero Dipteryx possui distribuição geográfica com ocorrências confirmadas para as regiões norte, nordeste, centro-oeste, sudeste estando presente em diversos tipos florestais como a caatinga (stricto sensu), campinarana, cerrado (latu sensu), floresta ciliar ou galeria, floresta de igapó, floresta e terra firme, floresta de várzea, floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila (mesma floresta pluvial) e savana amazônica.

Ocorrem dez espécies brasileiras registradas pelo projeto Flora do Brasil 2020 para o gênero: Dipteryx alata Vogel, D. charapilla (J.F.Macbr.) Ducke, D. ferrea (Ducke) Ducke, D. lacunifera Ducke, D. magnifica (Ducke) Ducke, D. micranta Harms, D. odorata (Aubl.) Willd., D. polyphylla Huber, D. punctata (S.F. Blake) Amshoff, D. rosea Spruce ex Benth. São árvores ou arbustos. Possuem folhas alternas, sempre pinadas; folíolos alternos, frequentemente pelúcido-punctado; raque aplanada ou alada, com o ápice projetado além dos folíolos; estípulas pequenas, caducas. Inflorescência paniculada terminal. Flores com cálice pelúcido-puctado, bilabiado, lábio superior com dois lobos grandes e largos e o lábio inferior muito curto, inteiro ou 3-dentado; pétalas violetas a rosa esbranquiçadas; estandarte emarginado; quilha adanadas no lado posterior. Estames 10, monoadelfos. Ovário estipitado, glabro; óvulo 1. Fruto drupáceo, ovóide a ovóide oblongo; pericarpo carnoso ou lenhoso, tardiamente deiscente no chão. Sementes cilíndricas-fusiformes; radícula curta.

Dipteryx alata Vog. é a espécie popularmente conhecida como cumbaru ou baru na região de domínio do Cerrado brasileiro e também no Paraguai e Bolívia. É uma árvore com potencial ornamental, medicinal, alimentícia e seu fruto possui uma polpa aromática e agradável e da sua semente se extrai o óleo de baru.

Referências bibliográficas:

Carrero, G. C., Pereira, R. S., Jacaúna, M. A., Júnior, M. J. V. Árvores do Sul do Amazonas: guia de espécies de interesse econômico e ecológico. 2ª ed. Manaus: IDESAM, 2014.

Obermuller, F. A. et al. Guia ilustrado e manual de arquitetura foliar para espécies madeireiras da Amazônia Ocidental. G. K. Noronha: Rio Branco. 101p. 2011.

Daly, D. C. D.; Silveira, M. Primeiro catálogo da flora do Acre, Brasil/First catalogue of the flora of Acre, Brazil. Rio Branco, AC: EDUFAC, 2008. 555p.

Carvalho, C.S. Dipteryx in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22952>. Acesso em: 06 Dez. 2019

Arakaki, A. H. et al. O baru (Dipteryx alata Vog.) como alternativa de sustentabilidade em área de fragmento florestal do Cerrado, no Mato Grosso do Sul. Interações (Campo Grande) [online]. 2009, vol.10, n.1 [citado 2019-12-09], pp.31-39. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-70122009000100004&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1518-7012.  http://dx.doi.org/10.1590/S1518-70122009000100004.

De Sousa, M. A. R..; Moutinho, V. H. P.; Silva, S. S. Levantamento das espécies comercializadas vernacularmente como cumaru no Estado do Pará. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 81-83, jul. 2007.

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