Ecoturismo

Por Caroline Faria
Categorias: Desenvolvimento Sustentável, Ecologia
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O ecoturismo é um segmento do turismo voltado para a contemplação, atividades de lazer, esportivas ou educacionais no meio natural de forma a preservar os patrimônios naturais e culturais do local visitado. Além disso o ecoturismo é ainda uma forma de despertar a consciência ecológica dos turistas através da interpretação e integração com o ambiente e a comunidade local, gerando benefícios tanto para o visitante quanto para a comunidade ou local visitado.

Foto: bikeriderlondon / Shutterstock.com

Foto: bikeriderlondon / Shutterstock.com

O ecoturismo difere do chamado “turismo de massa”, pois enquanto o segundo tem seus objetivos voltados para maximização do lucro através da atração do maior número possível de turistas, o primeiro visa à obtenção de melhores resultados. No ecoturismo o aporte de turistas pode até mesmo ser limitado com o intuito de evitar ou minimizar os impactos sobre o ecossistema do local visitado, o que seria impensável para o turismo de massa.

Um pouco de história

Também chamado de turismo ecológico, o ecoturismo começou a chamar a atenção do setor turístico brasileiro por volta da década de 80 e, principalmente na década de 90, com a maior visibilidade dada às questões ambientais. Para um melhor aproveitamento de todo o potencial do território brasileiro e regularização da atividade ecoturística foi criado em 1987 a “Comissão Técnica Nacional” do projeto “Turismo Ecológico” da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo) em parceria com o IBAMA (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis). O projeto foi iniciado com a implantação de pólos de ecoturismo em todos os estados da Amazônia Legal.

Em 1993 foi fundado o Instituto EcoBrasil, a primeira organização da sociedade civil (sem fins lucrativos) voltada para o fomento da atividade de ecoturismo através de capacitação e treinamento de profissionais e empresários e implementação de estudos, pesquisas e projetos.

Em 1994 foram criadas as “Diretrizes para a Política do Programa Nacional de Ecoturismo” que discorre sobre o potencial turístico do Brasil, os marcos referenciais internacionais, as possíveis vantagens do turismo bem organizado e os impactos negativos que podem ocorrer caso não haja o correto planejamento da atividade.

Em 1995 foi criado o Instituto Brasileiro de Ecoturismo, IBE. Neste mesmo ano foi escrita a “Carta de Lanzarote” durante a Conferência Mundial de Turismo Sustentável realizada em Lanzarote, Ilhas Canárias, Espanha, que lançou um apelo à comunidade internacional e aos governos para que tomassem medidas para garantir o desenvolvimento turístico sobre uma base sustentável de forma a preservar as riquezas naturais e culturais.

Em 2000, o “Acordo do Monhok” (evento internacional ocorrido entre 17 a 19 de novembro em New Paltz, EUA, na Monhok Montain House), definiu o ecoturismo como sendo o “turismo sustentável em áreas naturais, que beneficia o meio ambiente e as comunidades visitadas e que promove o aprendizado, respeito e consciência sobre aspectos ambientais e culturais.” Além disso, o acordo definiu os princípios do ecoturismo e padrões a serem respeitados voluntariamente pelas empresas do ramo turístico.

A “Declaração de Ecoturismo de Quebec”, aprovada em 10 de junho de 2002 pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), oficializou o ano de 2002 como o “Ano Internacional do Turismo”, como reconhecimento de todos os países participantes, inclusive o Brasil, da importância do ecoturismo como atividade econômica e de preservação do patrimônio ambiental e cultural.

Pólos de Ecoturismo

De circuitos históricos em Minas Gerais ao imenso planalto central do Brasil, o roteiro dos ecoturistas que viajam por estas terras pode ser interminável. Para facilitar o trabalho a EMBRATUR e o IBE identificaram os principais pólos ecoturísticos brasileiros. São lugares que já conseguiram obter certo sucesso com a exploração do turismo ecológico e possuem estrutura para receber os visitantes. Veja por região:

Região sul: a região sul é uma das mais visitadas do Brasil, principalmente pelas praias. No Rio Grande do Sul você pode encontrar o pólo ecoturístico da Serra Gaúcha; e o pólo da Região Central; em Santa Catarina temos o pólo ecoturístico do Planalto Serrano; da Ilha de Santa Catarina; e do Alto do Vale do Itajaí; no Paraná temos mais três pólos ecoturísticos, o do Paranaguá/Graciosa, dos Campos Gerais, e da Costa do Oeste.

Região Sudeste: em Minas Gerais temos o pólo das Grutas, Serras e Diamantes, a Zona da Mata, o Circuito do Ouro, as Terras Altas da Mantiqueira, a Canastra, e os Caminhos do Cerrado; no Espírito Santo temos os pólos de Itaúna, o Delta do Rio Doce, a Serra do Caparaó, e as Serras Capixabas; no Rio de Janeiro, um dos principais “portões de entrada” dos turistas no Brasil, temos os pólos ecoturísticos de Costa Verde, da Região do Itatiaia, o pólo Rio/Niterói, a Região Serrana, a Região dos Lagos, o Valo do Paraíba do Sul, e a Costa Doce; em São Paulo podemos encontrar os pólos do Alto do Paranapanema, as Serras Paulistas, a Região das Cuestas, o Vale do Ribeira de Iguape, o Vale do Paraíba do Sul, a Mantiqueira, o Litoral Paulista e os Grandes Lagos.

Região Nordeste: a região nordeste é hoje o destino preferido dos turistas estrangeiros, principalmente daqueles que buscam o turismo integrado a natureza. Lá você pode encontrar os pólos ecoturísticos: no Maranhão temos o pólo das Reentrâncias Maranhenses, do Patrimônio Histórico-Cultural do Maranhão, os Lençóis Maranhenses, as Chapadas e o Delta do Parnaíba que também engloba parte do Estado do Piauí; neste último ainda temos o Parque Nacional da Serra da Capivara, e o Parque Nacional Sete Cidades; no Ceará você pode visitar o pólo do Vale Monumental do Ceará, a Serra do Baturité, o Cariri, a Ibiapaba, e o Litoral Oeste e Leste; no Rio Grande do Norte temos o Litoral Norte e Leste, as Serras do Sul e do Sudeste, o Cabugi e o Seridó; na Paraíba temos os pólos ecoturísticos de João Pessoa, do Litoral Norte, da Serra da Borborema e o Sertão Paraibano; em Pernambuco além do famoso pólo de Fernando de Noronha, temos ainda o pólo do Litoral Norte e Sul, o Buique/Pesqueira/Venturosa, o Bonito/São Benedito do Sul, o Afogados da Ingazeira/Serra Talhada, e a Bacia do São Francisco; em Alagoas são encontrados os pólos ecoturísticos do Litoral Norte, da Zona da Mata, do Sertão Alagoano, e do Baixo São Francisco; em Sergipe, o menor Estado da federação, temos os pólos ecoturísticos do Sertão Sergipano do São Francisco, da Própria, da Contiguiba, do Agreste de Itabaiana, e do Litoral Sul; na Bahia temos os pólos ecoturísticos da Chapada Diamantina, da Costa dos Coqueiros, da Baía de Todos os Santos, da Costa do Dendê, da Costa do Cacau, da Costa do Descobrimento e da Costa das Baleias.

Região Centro-Oeste: abrangendo o planalto central brasileiro e a região do pantanal, temos os pólos ecoturísticos, em Goiás, da Chapada dos Veadeiros, de Pirenópolis, e do Parque das Emas; no Mato Grosso temos o Pantanal Norte, a Chapada dos Guimarães, e a Amazônia Matogrossensse; no Mato Grosso do Sul, você pode encontrar os pólos do Pantanal Sul e da Serra da Bodoquena.

Região Norte: esta é considerada a região do país com maior potencial ecoturístico embora esta atividade esteja ainda muito aquém do ideal para a região. Os pólos ecoturísticos da região norte são o Vale do Acre (AC),o Amapá (AP), o Amazonas (AM), Tapajós (PA), o Vale do Guaporé (RO), o Norte de Roraima (RR) e Cantão (TO).

Alguns “porém”...

Entretanto, a atividade de ecoturismo no Brasil ainda necessita de muita atenção. Segundo um estudo publicado pela consultoria do mercado de hotelaria espanhol “Chias Marketing” o Brasil ainda não aproveita todo o potencial ecoturístico que possui e a maioria dos hotéis e resorts que se dizem sustentáveis têm suas ações limitadas à reciclagem do lixo e outras ações esporádicas. Ainda segundo a pesquisa 0.01% dos meios de hospedagem possui a certificação ISO14001. E não é por falta de interesse dos turistas. Outra pesquisa feita por uma consultoria francesa, a TNS Sofres, concluiu que 69% dos turistas europeus estão dispostos a pagar até 30% a mais para contribuir com a preservação do local visitado. (Agência Estado, acesso em 05/03/08).

Outros termos associados ao ecoturismo são: turismo de aventura, turismo de contemplação, turismo cultural, turismo ambiental ou alternativo, turismo rural, turismo de natureza, selva ou verde e até mesmo turismo antropológico ou étnico.

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