Clima do Amazonas

Mestrado em Geografia (UFSC, 2015)
Graduação em Geografia (UFSC, 2012)

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O Brasil, por ser cortado pela linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, tem 90% do seu território na zona climática intertropical, a mais quente do planeta.

Localizado ao norte do Brasil, o estado do Amazonas é cortado pela linha do Equador, apresentando o Clima Equatorial quente e úmido, pois sofre influência da grande bacia hidrográfica, da evapotranspiração da floresta e da zona de Convergência Intertropical, que satura de umidade no ar, causando muitas chuvas. Em algumas localidades essa taxa de umidade juntamente às temperaturas altas implica uma grande quantidade de água por metro cúbico de ar o ano todo, além da nebulosidade na maior parte do estado. Isso impede que haja nos registros máximas diárias muito elevadas. Diferente do que ocorre nas áreas urbanizadas, devido às intensas transformações antrópicas, apresentam um microclima diferenciado.

Enquanto setembro e outubro são os meses mais quentes, com temperaturas atingindo entre 40°C e 42°C, os meses de junho a agosto são mais amenos, embora nenhum deles apresente temperaturas inferiores à média de 22°C, característica da zona equatorial. No Amazonas há uma amplitude térmica baixa, de 1°C a 3°C, o que é comum nas baixas latitudes. As temperaturas nunca são menores que 19ºC durante a noite. No meio do ano, entre os meses de julho e agosto, ocorre o fenômeno conhecido como “friagem”, quando a massa de ar Polar Atlântica (mPa) avança rumo ao Norte pelas planícies interiores da porção oeste do Brasil, trazendo uma forte umidade e chuvas frontais, seguidas por “tempo bom” e queda de temperatura, que pode chegar a menos de 14°C no sul do estado.

Pôr-do-sol e nevoeiro na Floresta Amazônica, perto de Manaus. Foto: Thiago Orsi Laranjeiras / Shutterstock.com

O Amazonas está localizado em uma das zonas de maior pluviosidade do Brasil, tendo em sua porção noroeste índices que superam 2.700 mm/ano. Isso ocorre por conta da ação das linhas de instabilidade tropicais da massa Equatorial Continental (mEc), caracterizada pela convergência do ar, ocasionando chuvas com trovoadas e ventos moderados a fortes; chuvas do sistema de perturbação de sul do anticiclone polar e sua descontinuidade frontal, juntando-se a essa área de instabilidade, as chuvas de norte da zona de Convergência Intertropical do setor oriental.

Em determinados períodos, as precipitações podem ser de tal intensidade que o escoamento natural não impede o acúmulo de água, provocando enchentes nos rios da região. Do estado do Roraima até o sul do Amazonas, há uma faixa do território na qual esses índices são de 1.500 a 1.750 mm, por conta da fraca atuação das chuvas de oeste, da massa Equatorial Continental (mEc) e da zona de Convergência Intertropical em meados do ano.

Na Bacia Amazônica, anualmente chovem 15 trilhões de m³ de água, sendo que 48% disso, em média, é usado pelo ecossistema amazônico na evapotranspiração, já os outros 52% escoam pelos rios. Por conta de toda a complexidade de determinantes interferindo no clima do Amazonas e da região Norte, temos apenas duas estações, pois, ao longo do ano, chove em média por nove meses, enquanto apenas três meses são secos (julho, agosto, setembro até, no máximo, outubro), aproximadamente.

A Amazônia como um todo tem importante papel de regulação do clima do Brasil e do mundo. Porém, as transformações espaciais antrópicas ligadas ao processo de ocupação da região e atividades econômicas legais e ilegais vêm modificando de forma acelerada suas paisagens. A soma de fenômenos com El Niño, La Niña e outros, com a derrubada da floresta por madeireiras e para expansão da agropecuária, exploração de garimpo e pela grilagem de terras, influenciam uma alteração climática muito acelerada, levando cientistas a fazerem previsões para cenários climáticos preocupantes.

Segundo dados de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia brasileira na primeira quinzena de julho de 2019 superou a taxa do mês inteiro no ano de 2018. Mais de 1.000 km² de floresta foram derrubados no período, isto é, 68% a mais em relação a todo o mês de julho do ano anterior. O último mês com registro maior que esse foi agosto de 2016.

Leia também:

Fontes:

MIGUEIS, Roberto. Geografia do Amazonas. Manaus: Editora Valer, 2011, 144p.

Notícias UOL. Desmatamento no Brasil dispara em julho e ameaça acordo comercial com UE. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2019/07/18/desmatamento-no-brasil-dispara-em-julho-e-ameaca-acordo-comercial-com-ue.htm>. Acesso em: 12/11/2019.

Redação Hypeness. Incêndios na Amazônia têm ‘assinatura do desmatamento’, aponta NASA. Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2019/08/incendios-na-amazonia-tem-assinatura-do-desmatamento-aponta-nasa/ >. Acesso em: 12/11/2019.

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