História da literatura portuguesa

Doutorado em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (PUC-Rio, 2013)
Mestrado em Linguística, Letras e Artes (PUC-Rio, 2008)
Graduação em Jornalismo (PUC-Rio, 2001)

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Idade Média (Séculos XII a XV): Trovadorismo e Humanismo

Os primeiros registros da Literatura Portuguesa datam do século XII. Devido à integração cultural e linguística entre Portugal e Galícia, que hoje pertence ao território espanhol, boa parte desses registros, principalmente as cantigas trovadorescas, foram elaborados em galego-português.

O Trovadorismo é o gênero dos primórdios da literatura portuguesa, pois dele surgiram as primeiras manifestações. As “cantigas” são os principais registros da época, tradicionalmente divididas em quatro tipos: de amor, amigo, escárnio e maldizer.

Os principais representantes foram: Aires Nunes, D. Duarte, D. Dinis, João Garcia de Guilhade e Paio Soares de Taveirós.

Posteriormente, surgiu a corrente Humanista, na qual foram consolidados o teatro, a prosa historiográfica e a poesia palaciana foram consolidados.

Os principais representantes foram: Gil Vicente (O Auto da Barca) e Fernão Lopes (Crônicas do Reis D. João I, D. Fernando, D. Pedro I, D. Dinis).

Século XVI: Renascimento

Neste período, destaca-se a inspiração na cultura clássica greco-latina. Além disso, surgiram novos gêneros, como a literatura de viagens, a poesia épica e os romances de cavalaria.

Os principais representantes foram: Luís de Camões (Os Lusíadas), Sá de Miranda (Poesia e Teatro) e Fernão Mendes Pinto (Peregrinação).

Século XVII: Barroco

Período marcado pela utilização de linguagem rebuscada, permeada por figuras de linguagem, além do tom melancólico e conflituoso, demarcando a luta interna entre os prazeres mundanos e a devoção religiosa. Em termos históricos, retrata a passagem definitiva da Idade Média, marcada pelo teocentrismo (Deus no centro), para a Idade Moderna, marcada pelo antropocentrismo (homem no centro). Desse modo, os séculos que abrangem o barroco foram marcados pelas lutas entre classes sociais e pelas crises religiosas. Os principais representantes foram: Antônio José da Silva (Anfitrião), Frei Luís de Souza (Os Anais de D. João III) e o Padre Antônio Vieira (Sermões).

Século XVIII: Arcadismo ou Neoclassicismo

Período caracterizado pela revalorização dos ideais artísticos greco-romanos (Grécia e Roma) e a influência da corrente de pensamento iluminista. Além disso, destaca-se o ideal da vida bucólica, que prega a fuga das cidades e posterior adoção da vida pastoril no campo, preferencialmente, ao lado da mulher amada.

Os principais representantes foram: Curvo Semedo (Fábulas), José Agostinho de Macedo (Newton: Poema) e Manuel Maria Barbosa du Bocage (Sonetos), que se afastaram dos exageros do período barroco, restabelecendo, desse modo, o equilíbrio na literatura.

Primeira Metade do Século XIX: Romantismo

O Romantismo demarcou o fim do Arcadismo/Neoclassicismo, apresentando como principais temas o amor, a nostalgia, a melancolia, o subjetivismo e o resgate do passado histórico medieval, reelaborado de forma mítica. Essa abertura temática proporcionou a combinação de diversos gêneros literários, indo da poesia ao romance.

O tema costumava girar em torno de amores proibidos, no qual os heróis rebeldes disputavam o coração de donzelas frágeis e desamparadas.

Os principais representantes foram: Almeida Garrett (Folhas Caídas), Alexandre Herculano (Eurico, o Presbítero), Camilo Castelo Branco (Memórias do Cárcere) e Júlio Dinis (Uma Família Inglesa).

Segunda Metade do Século XIX: Realismo e Naturalismo

Neste período, observa-se a quebra dos padrões românticos, entre eles, a negação do subjetivismo e do idealismo tão presentes na estética romântica, tornando a escrita mais simples e direta e o conteúdo mais focado nas questões do cotidiano.

O Naturalismo, ou “Ultrarrealismo”, representou o aprofundamento dessas tendências, com base nas teorias científicas e evolucionistas que se encontravam em alta na época.

Os principais representantes foram: Antero de Quental (Liga Patriótica do Norte), Cesário Verde (Cântico do Realismo) e Eça de Queirós (O Primo Basílio).

Fins do Século XIX: Simbolismo

Movimento que se opôs aos padrões do Realismo, tendo sido inaugurado com a publicação do livro Oaristos, de Eugênio de Castro.

Nessa corrente, destacam-se, entre outros atributos, um vocabulário mais rebuscado, a profusão de temas místicos e religiosos, além da idealização da infância e do campo.

Os principais representantes foram: Antônio Nobre (Despedidas) e Camilo Pessanha (Clepsidra).

Início do Século XX: Modernismo 

O Modernismo português, tal como no Brasil, caracteriza-se pela aproximação aos movimentos de vanguarda da época, rompendo com antigos padrões estéticos por meio de uma linguagem literária inovadora.

Os principais representantes foram: Fernando Pessoa (Mar Português, Obras Completas de Alberto Caero, Álvaro de Campos, Ricardo Reis) e Mário de Sá-Carneiro (Loucura), idealizadores da revista Orpheu, que pretendia divulgar os ideais modernistas.

Literatura Contemporânea

Destaca-se pelo equilíbrio entre o experimentalismo e o realismo.

Entre os principais representantes, destaca-se, principalmente, o Prêmio Nobel José Saramago. Uma de obras mais conhecidas, Ensaio sobre a Cegueira, foi adaptada para o cinema pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles.

Além dele, destacam-se também os romancistas Antônio Lobo Antunes (As Naus) e José Cardoso Pires (O Delfim).

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