Verbos

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

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Os verbos são palavras que indicam acontecimentos, situando-os no tempo. Nesse contexto, eles variam em pessoa, em número, em tempo, em modo e em voz. Os verbos compõem a classe de palavras que mais se flexiona. Vamos observar alguns verbos no texto abaixo?

Nesta madrugada, choveu torrencialmente na cidade de Coronel Augusto. Casas inundadas, carros arrastados, árvores derrubadas... A população está aflita com a situação. Alguns voluntários e profissionais do serviço público transportaram moradores para a igreja, localizada no alto do município. Além disso, abrigaram outros moradores em uma escola. Ainda não se sabe se há vítimas. É a segunda vez, em uma década, que um forte temporal atinge Coronel Augusto.

(Texto criado pela autora deste artigo para a abordagem dos verbos).

No trecho “Nesta madrugada, choveu torrencialmente na cidade de Coronel Augusto.”, o verbo exprime um fenômeno. No período “A população está aflita com a situação.”, o verbo foi empregado para expressar o estado em que se encontra a população naquela situação de catástrofe. Posteriormente, podemos observar a presença de verbos que indicam ação, como em “Alguns voluntários e profissionais do serviço público transportaram moradores para a igreja [...]” e “Além disso, abrigaram outros moradores em uma escola.”

Flexões (formas) do verbo

Pessoa e número

Pessoa Número (singular) Número (plural)
1ª pessoa Eu danço Nós dançamos
2ª pessoa Tu danças Vós dançais
3ª pessoa Ele/Ela dança Eles/Elas dançam

Modos do verbo

Indicativo (exprime certeza):

compraram os brinquedos para a festa das crianças.

Faremos uma reunião com os sócios na próxima terça-feira.

Subjuntivo (exprime dúvida, condição, possibilidade, hipótese, desejo)

Se você fosse ao local, ficaria impressionada!

Que você celebre com muita alegria este dia tão especial!

Imperativo (exprime ordem, pedido, conselho, advertência, sugestão, convite)

Não conte a ele, pois a festa é uma surpresa! (Imperativo negativo)

Leia as instruções para a montagem do equipamento. (Imperativo afirmativo)

Tempos do verbo

Os tempos, como o próprio nome evidencia, expressam o momento em que ocorre o fato indicado pelo verbo. São três tempos verbais: o presente (o fato ocorre no momento da fala); o pretérito ou passado (o fato ocorre antes do momento da fala) e o futuro (o fato ocorre depois do momento da fala). Vale frisar que os tempos pretérito e futuro se ramificam nos modos indicativo e subjuntivo, conforme veremos a seguir:

Tempos do modo indicativo

Tempo presente
escrevo
escreves
escreve
escrevemos
escreveis
escrevem

.

Tempo Pretérito
Pretérito imperfeito
(fato inacabado no passado)
Pretérito perfeito
(fato concluído no passado)
Pretérito mais-que-perfeito
(fato anterior a outro passado)
escrevia
escrevias
escrevia
escrevíamos
escrevíeis
escreviam
escrevi
escreveste
escreveu
escrevemos
escrevestes
escreveram
escrevera
escreveras
escrevera
escrevêramos
escrevêreis
escreveram

.

Tempo futuro
Futuro do presente
(fato que acontecerá)
Futuro do pretérito
(fato que poderia ter acontecido)
escreverei
escreverás
escreverá
escreveremos
escrevereis
escreverão
escreveria
escreverias
escreveria
escreveríamos
escreveríeis
escreveriam

Tempos do modo subjuntivo

Presente Pretérito imperfeito Futuro
escreva
escrevas
escreva
escrevamos
escrevais
escrevam
escrevesse
escrevesses
escrevesse
escrevêssemos
escrevêsseis
escrevessem
escrever
escreveres
escrever
escrevermos
escreverdes
escreverem

Formas nominais do verbo

- o infinitivo

pessoal (tem sujeito):

Se estudarmos bastante, seremos aprovados.

impessoal (não tem sujeito):

Lutar, apesar das adversidades, é um desafio.

- o gerúndio (terminação “ndo”)

Estamos lutando para sermos aprovados!

Ele atravessou a rua correndo.

Indo a pé, iremos curtir as belezas do lugar!

- o particípio (terminação “do” – forma regular)

O professor havia lutado muito pelos alunos!

Eu havia escolhido alguns livros de Jane Austen.

Ele já tinha saído, quando chegamos ao restaurante.

Observação: os verbos que se unem a uma forma nominal de outro verbo (o principal) são chamados de “verbos auxiliares”.

Tenho lido muito sobre a destruição ambiental.

Ele teve de ir embora, pois não marcou horário.

Estávamos conversando quando o vimos passar.

Vozes do verbo

Na voz ativa, o sujeito é agente da ação expressa pelo verbo, isto é, ele pratica a ação expressa pelo verbo:

Os alunos não terminaram a prova no tempo previsto.

O professor explica com clareza os complicados conceitos.

A direção da escola adiou a festa junina para o próximo mês.

Na voz passiva, o sujeito é paciente da ação indicada pelo verbo. Isso significa que ele sofre ou recebe a ação indicada pelo verbo. A voz passiva divide-se em “passiva analítica” e “passiva pronominal”, como observaremos abaixo:

- Passiva analítica (Verbo auxiliar “ser” + mais o particípio do verbo principal):

Os presentes foram escolhidos pelas crianças.

Os moradores não foram ouvidos pelo poder público.

Neste mês, serão inauguradas novas lojas na cidade.

Cabe elucidar que, geralmente, a voz passiva analítica é formada com o verbo auxiliar “ser”. Porém, há casos em que outros verbos são empregados. Repare:

A criança ia acompanhada pela avó.

A casa estava infestada de pernilongos.

O jovem está sendo socorrido pelos bombeiros.

- Passiva pronominal (Pronome apassivador “se” junto a um verbo ativo da 3ª pessoa):

Vendem-se lotes no centro da cidade.

Reformou-se a ponte no mês passado.

Ainda não se resolveram os problemas...

Na voz reflexiva, o sujeito é agente e paciente da ação expressa pelo verbo, ou seja, ele pratica e ao mesmo tempo recebe a ação. Em outras palavras, a voz reflexiva é um misto das vozes citadas anteriormente:

Aquela aluna destacava-se dos demais colegas de classe.

Os pais aproximaram-se dos filhos na hora da homenagem.

As meninas arrumaram-se rapidamente, pois não queriam chegar atrasadas.

Compare as vozes verbais:

O rapaz feriu com a faca. (Voz ativa)
O rapaz foi ferido com a faca. (Voz passiva)
O rapaz feriu-se com a faca. (Voz reflexiva)

Conjugações do verbo

- Verbos da 1ª conjunção (aqueles que terminam em “ar”):

aproveitar, imaginar, jogar, etc.

- Verbos da 2ª conjunção (aqueles que terminam em “er”):

beber, correr, erguer, etc.

- Verbos da 3ª conjunção (aqueles que terminam em “ir”):

agir, ouvir, sugerir, etc.

Segundo Cegalla (2008, p.197), a conjugação de cada verbo “se caracteriza por uma vogal temática”. Observe:

amar
(radical “am” + vogal temática “a” = tema “ama”).

mexer
(radical “mex” + vogal temática “e” = tema “mexe”).

abrir
(radical “abr” + vogal temática “i” = tema “abri”).

Tempos primitivos e derivados

Os tempos verbais são “primitivos” quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa, mas dão origem a outros tempos, os “derivados”. Os tempos primitivos são estes:

a) o presente do modo indicativo, do qual derivam:

  • o presente do modo subjuntivo
  • algumas formas do imperativo

b) o pretérito perfeito do modo indicativo, do qual derivam:

  • o pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo
  • o pretérito imperfeito do modo subjuntivo
  • o futuro do modo subjuntivo

c) o infinitivo impessoal, do qual derivam:

  • o pretérito imperfeito do modo indicativo
  • o futuro do presente
  • o futuro do pretérito
  • o infinitivo pessoal
  • o gerúndio
  • o particípio

Verbos regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes

- Os verbos são regulares quando a conjugação segue um radical (elemento básico de uma palavra):

“cantar”, “vender”, “dividir”, etc.

- Os verbos são irregulares quando passam por modificações no radical e/ou terminações, ao serem conjugados em algumas formas:

“dar”, “fazer”, “medir”, etc.

- Os verbos anômalos são aqueles que apresentam radicais diferentes quando conjugados:

“ir” e “ser”.

- Os verbos defectivos são os que não apresentam conjugação completa. A defectividade ocorre, normalmente, em verbos da 3ª conjugação:

“colorir”, “demolir”, “falir”, etc.

- Os verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma forma para exprimir a mesma ideia e exercer a mesma função. A abundância ocorre de modo predominante nos particípios:

“aceito/aceitado”, “ganho/ganhado”, “pago/pagado”, etc.

Desafios – algumas questões sobre verbos

Questão 1 – Identifique a frase em que o verbo destacado foi flexionado corretamente:

a) As testemunhas do crime deporão amanhã.

b) As crianças exporam os desenhos na sala de aula.

c) No mês passado, nós propomos a realização de um bingo.

d) Se ele dispor de muitos recursos, poderá fazer a reforma do local.

Resposta:

A conjugação de “depor”, “expor”, “propor”, “dispor”, etc. segue a conjugação do verbo de que derivam: “pôr”. Nesse contexto, o verbo na primeira frase (alternativa “a”) foi flexionado corretamente para indicar o futuro do presente (“deporão” vem de “porão”). Nas alternativas “b” e “c”, os verbos exprimem ações concluídas. Por isso, devem ser empregados no pretérito perfeito: “As crianças expuseram os desenhos na sala de aula.” e “No mês passado, nós propusemos a realização de um bingo”. Os verbos citados (“deporão”, “expuseram” e “propomos”) foram flexionados no modo indicativo, isto, é expressam certezas. Já na última frase (alternativa “d”), aparece o modo subjuntivo para exprimir uma condição: “Se ele dispuser de muitos recursos, poderá fazer a reforma do local”.

Questão 2 – O verbo está na voz ativa na oração:

a) Alugam-se casas.

b) Foi solucionado o problema.

c) Eu apresentei-me ao público.

d) Os alunos conversaram com o diretor.

Na primeira oração, o verbo está na voz passiva pronominal e na segunda, o verbo está na voz passiva analítica, já que os sujeitos são pacientes das ações expressas pelos referidos verbos. Na terceira oração, o verbo está na voz reflexiva para indicar que o sujeito é agente e paciente da ação expressa por “apresentar”. E, por fim, o verbo está na voz ativa na última oração, exprimindo que o sujeito (“Os alunos”) é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo “conversar”. Portanto, a resposta correta é a alternativa “d”.

Referências:

BECHARA, Evanildo. Verbo. In: ___ Gramática escolar da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. p.192-273.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Verbo. In: ___ Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. p.195-258.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Verbo. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008. p.394-461.

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