Domínio geopolítico

Por Pedro Eurico Rodrigues

Mestrado em História (UDESC, 2012)
Graduação em História (UDESC, 2009)

Categorias: Geografia, História
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Para compreender o que são os domínios geopolíticos é preciso entender, primeiramente, o que são os Estados Nacionais. Eles podem ser definidos como uma reunião de pessoas que vivem em um território sob os mesmos códigos de identificação – notadamente a língua, os símbolos nacionais, a moeda. É comum aos Estados Nacionais a busca por aumentar seus territórios, com as mais diversas finalidades. Um domínio geopolítico é um exemplo de uma expansão de um Estado Nacional, que se dá a partir do domínio territorial, mas também político de lugares e sociedades que vivem para além dos domínios originais dos Estados-nação. Assim, a geopolítica pode ser entendida como um conjunto de ações relativas ao poder dos Estados com a finalidade de controlar os seus territórios, portanto, um domínio geopolítico envolve, necessariamente, o território e as expressões de poder.

As diferentes experiências coloniais são exemplos potentes de domínio geopolítico, principalmente a partir do século XIX. As expansões do século XIX, especialmente sobre o continente africano mostram como funcionam os domínios geopolíticos. A partir dali diversas experiências deste tipo aconteceram em todo o mundo.

As práticas de dominação que tem como base controle territorial podem acontecer tanto em estados-nação autoritários como em regimes democráticos. Os Estados Unidos da América, conhecido como a nação mais democrática do mundo – título relativo, cabe lembrar – praticaram domínio geopolítico ao longo do século XX, principalmente nas experiências de guerra.

Mas, certamente, o exemplo do Continente Africano a partir da Conferência de Berlim (1884 – 1885) e a Partilha da África dali resultada são os exemplos mais emblemáticos do que são domínios geopolíticos. Nesta conferência as diversas nações africanas foram divididas entre diferentes estados-nação europeus. Alguns ficaram sob o domínio inglês, outros sob o francês, outros sob o domínio alemão, ou sob o domínio espanhol, ou o italiano, ou mesmo o português.

Assim, as nações africanas foram divididas entre as nações europeias, que passaram a dominar seus territórios, explorá-los economicamente, e exercer seu poder, fazendo deles partes de suas nações originais.

O principal colonizador africano foram os britânicos. A Revolução Industrial fez com que os projetos colonizadores europeus mudassem. Se a partir do século XVI eles foram liderados por Portugal e Espanha – os primeiros Estados Nacionais modernos – que instalaram-se na América e passaram a explorar o território em busca de ouro, prata e das monoculturas em latifúndios, tudo isso com base no trabalho de sujeitos escravizados, a partir do século XIX a busca era por matérias primas e novos consumidores, e a Inglaterra pressionava as demais nações pelo fim do tráfico atlântico. A Inglaterra espalhou seu domínio político colonizando locais como a África do Sul, o Egito, a Gana, a Nigéria, a Serra Leoa, o Quênia, a Uganda, o Malawi, o Zimbábue, Seicheles, dentre outros.

Outra grande potência europeia que espalhou seu domínio pelo continente africano foram os franceses, que se fizeram presentes na Argélia, no Sudão, no Senegal, em Burkina Faso, na Costa do Marfim, no Mali, no Niger, no Congo, no Gabão, no Chade e em Madagascar.

Espanha, Itália e Portugal também se fizeram presentes no continente africano, mas em menor escala. Espanha dominou a Mauritânia e o Marrocos, a Itália a Etiópia e Portugal Angola e Moçambique.

A Partilha da África é o principal exemplo de expansão de domínios geopolíticos, mas não é o único. Ao longo do século XX outras experiências de domínio geopolítico foram vivenciadas: é o caso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Estado formado após a Segunda Guerra Mundial que corresponde a 15 diferentes países: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

Pode-se entender também a experiência da Alemanha nazista como uma expansão de um domínio geopolítico, pois houve uma expansão territorial sob o domínio político do Terceiro Reich.

Sendo assim, entende-se que houve diversas formas de domínio geopolítico, principalmente depois da expansão europeia, notadamente a partir do século XIX com a expansão inglesa sobre o continente africano. No século XX outros tipos de domínio geopolítico foram experimentados.

Referências:

HERNANDEZ, Leila M. G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. 3. ed. São Paulo: Selo Negro, 2008

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