Geografia da Ásia

Especialista em Geografia do Brasil (Faculdades Integradas de Jacarepaguá, RJ)
Mestre em Educação (Estácio de Sá, 2016)
Graduado em Geografia (Simonsen, 2010)

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De modo geral, quando as pessoas falam em Oriente, cultura oriental e termos afins, estão se referindo ao continente asiático (mesmo não sendo o único continente no hemisfério oriental), seja ao Oriente Médio ou seja ao Extremo Oriente. Em oposição ao que se fala em Ocidente e cultura ocidental geralmente remetendo aos continentes europeu e americano.

Apesar dessa oposição entre Ocidente e Oriente, é importante frisar que se formos considerar apenas os aspectos naturais e não as convenções, a Europa e a Ásia são duas regiões de um único continente: A Eurásia. Porém, considerando justamente todas as diferenças históricas e culturais, bem como as dificuldades de contato entre as duas regiões, convencionou-se dividir e considerar o continente Eurasiático como dois continentes distintos, sendo os Montes Urais, que cruzam a Rússia, a divisória entre a Europa e a Ásia.

Por serem naturalmente um único continente, existem países que estão simultaneamente na Europa e na Ásia, como a Rússia e a Turquia. Sendo que, justamente com base em critérios culturais e históricos, geralmente eles são mais associados com um continente ou com outro, por exemplo a Rússia é geralmente mais associada com a Europa e a Turquia com a Ásia.

Na Ásia encontramos civilizações antiguíssimas, como o Império Chinês e a civilização védica (indiana), que deixaram tantos legados para a humanidade que muitas vezes usamos eles e nem temos plena consciência da origem dos mesmos. A pólvora, o macarrão e o papel são exemplos de coisas do cotidiano que foram inventados no Império Chinês.

Falando em Império Chinês, a escolha de servidores públicos para operar a máquina estatal, sendo eles escolhidos por meio de exames de conhecimentos que muitas vezes exigem cursos preparatórios, nada mais é do que o regime do mandarinato chinês, mesmo que seja também a realidade atual no Brasil.

Aspectos físicos

Além da porção continental, que fica na Eurásia, o continente asiático possui uma porção insular com uma quantidade considerável de ilhas. O arquipélago japonês talvez seja o mais famoso conjunto de ilhas asiáticas, bem como a ilha de Taiwan (uma república rebelde que por vezes luta por sua independência em relação ao governo da China comunista e por vezes se reivindica como o legítimo governo sobre toda a China) e as ilhas dos territórios da Indonésia e Timor, Malásia e outras ilhas menores.

Por vezes a Ásia é chamada de continente-maciço, devido ao predomínio de regiões elevadas de montanhas e planaltos por toda a sua extensão, com presenças de planícies basicamente nas regiões costeiras do continente.

Cordilheira do Himalaia. Foto tirada pela NASA à partir da Estação Espacial Internacional (2004).

Um grande destaque no relevo asiático é a cordilheira do Himalaia, possuindo o pico mais elevado do mundo (Monte Everest) e ainda a cordilheira Caracórum que por vezes é considerada como extensão da cordilheira do Himalaia e possui o segundo pico mais elevado do mundo (o monte K2). Essas cordilheiras somadas perpassam a região do Paquistão, China, Índia, Nepal e Butão, sendo formações mais recentes do ponto de vista geológico e fruto do choque do continente ou subcontinente Indiano com a Ásia, juntando ambos em um único continente, graças ao deslocamento das placas tectônicas. Por serem placas ainda em movimento, há forte atividade sísmica na região (como terremotos).

Por sua considerável extensão, a Ásia apresenta uma grande variedade climática. Do clima equatorial na parte mais ao sul, até a parte mais ao norte onde há o clima siberiano e subártico extremo onde possui as cidades mais frias do mundo na parte asiática do território russo: Verkhoiansk, Oymyakon e Yakutsk.

Talvez o fenômeno climático mais conhecido seja o das monções que atingem o sul e sudeste asiáticos, proporcionando verões extremamente chuvosos e invernos extremamente secos.

Conflitos no continente

A Ásia é um continente repletos de conflitos dos mais diversos, seja de origem política (alguns ainda herdados da disputa entre socialistas e capitalistas na Guerra Fria), religiosa ou até mesmo uma mistura desses e alguns outros casos. Muitos conflitos atualmente não estão apresentando uma atividade bélica entre as partes, porém continua um permanente clima de tensão entre as partes envolvidas.

Um exemplo clássico de conflitos em trégua é a Guerra da Coréia, que oficialmente nunca foi encerrada e tem se tornado uma das guerras mais longas da história mundial, o conflito se dá entre a Coréia do Norte (República Democrática Popular da Coréia) que possui um governo socialista (Juche) e que é um dos países mais fechados do mundo, havendo muito pouco conhecimento (ou quase nenhum) do que realmente ocorre dentro de suas fronteiras pelo resto do mundo, e a Coréia do Sul (República da Coréia) capitalista e fortemente apoiada pelos países ocidentais.

Ambas as Coréias estão em uma situação de trégua, embora constantemente existam provocações mútuas que aumentam a tensão da região, especialmente considerando o envolvimento dos aliados de cada parte. Com a Rússia e a China sendo os principais aliados do regime norte-coreano e os Estados Unidos, Japão e a União Européia estando entre os principais aliados da Coréia do Sul.

Outro conflito que embora relativamente solucionado, sempre conta com algum destaque da imprensa no mundo ocidental é sobre a independência do Tibete em relação a China. A China enfrenta também a questão de Taiwan que é considerada pela República Popular da China como uma província rebelde, embora a República da China (nome oficial de Taiwan) reivindique ser o legítimo governo chinês no exílio, embora ele não tenha mais qualquer força internacional desde que foi removido da Organização das Nações Unidas para a entrada da República Popular da China em seu lugar.

Outro conflito que se arrasta com uma relativa trégua, porém com uma constante tensão e provocação entre as partes, é entre a Índia e o Paquistão. Conflito este que mistura elementos religiosos (o conflito entre indianos hindus e paquistaneses islamitas) e políticos (inclusive apesar da neutralidade na Guerra Fria, havia uma maior proximidade da Índia com a antiga União Soviética e o Paquistão é até hoje um forte aliado dos Estados Unidos da América na região).

Aspectos culturais

A Ásia é um grande caldeirão de diversidade étnica (enquanto os diversos povos europeus são classificados como “brancos” a ásia apresenta uma diversificação imensa de povos nativos), cultural, linguística e religiosa. São incontáveis o número de idiomas e dialetos falados ao longo do continente, também existe uma quantidade enorme de religiões nativas. Inclusive, a Ásia é o berço das principais religiões do mundo.

No continente asiático nasceram o hinduísmo, budismo, judaísmo, cristianismo (que ao contrário do que muitos pensam, não é uma religião ocidental, especialmente na sua vertente ortodoxa), islamismo, sikhismo, taoísmo, confucionismo, xintoísmo, dentre inúmeras outras religiões menores (como certos xamanismos regionais) ou movimentos mais recentes como as religiões “neo-xintoístas” Shinshūkyō (Igreja Messiânica, Seicho-No-Iê, etc). Assim sendo, podemos dizer que a maior parte absoluta do mundo segue alguma religião de origem asiática, o que consequentemente em maior ou menor grau exportou costumes e concepções de alguma parte da ásia para o restante do mundo.

A Ásia também é uma forte produtora de material midiático que é exportado pelo mundo, sejam os desenhos japoneses (animes e mangás) que ganharam o mercado mundial, seja a principal indústria cinematográfica do mundo (junto com a dos Estados Unidos) que é a indústria indiana (inclusive com a cidade de Bombai recebendo o apelido de Bollywood em homenagem a cidade de Hollywood nos E.U.A.). Os filmes de artes marciais chineses ganharam também o mercado mundial, tendo estrelas de grande destaque e que foram incorporados ao cinema americano comos os atores Bruce Lee, Jackie Chan e Jet Li.

Aspectos econômicos

A Ásia é um continente de grandes contrastes, ao mesmo tempo possui países desenvolvidos como o Japão e a Coréia do Sul, bem como boa parte dos países em desenvolvimento tanto dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com a Rússia parcialmente na Ásia, a Índia e China completamente asiáticas, também possui grande presença no grupo dos chamados “Próximos Onze” (N11) que é o grupo de países que está se desenvolvendo e pode alcançar o patamar dos BRICS, sendo quase todos eles asiáticos (oito dos onze países estão na Ásia). Essa presença massiva de países nos BRICS e no N11 coloca a Ásia em posição econômica privilegiada no mundo, especialmente se somando ainda o Japão e os chamados Tigres Asiáticos (Taiwan, Região Administrativa Especial de Hong Kong, Singapura e Coréia do Sul).

Porém, a Ásia não possui apenas países desenvolvidos. Outros países subdesenvolvidos ocupam o continente como o devastado Timor Leste ou o pobre Nepal. Existe ainda a curiosa posição de Butão, uma monarquia asiática extremamente fechada ao resto do mundo e que alega seguir padrões econômicos diferenciados do resto do mundo, não se preocupando tanto em medir o “Produto Interno Bruto” e sim a “Felicidade Interna Bruta”.

Além do Butão, a Coréia do Norte é outro país extremamente fechado e que pouco se sabe sobre o que ocorre nele com o seu socialismo extremo. Ambos os países acabam ficando um tanto dependentes de algum país estrangeiro, respectivamente da Índia e da China.

Leia também:

Referências:

http://www.voyagesphotosmanu.com/clima-da-asia.html

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-poder-atual-dos-brics-e-dos-proximos-11-imp-,977059

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/05/150504_vert_tra_butao_felicidade_ml

https://super.abril.com.br/cultura/sorria-voce-esta-no-butao/

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