História da literatura brasileira

Doutorado em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (PUC-Rio, 2013)
Mestrado em Linguística, Letras e Artes (PUC-Rio, 2008)
Graduação em Jornalismo (PUC-Rio, 2001)

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Século XVI: Quinhentismo

Fase inicial da literatura brasileira, tendo ocorrido no início da colonização.

O primeiro registro literário em terras brasileiras é a carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Além das cartas, há os diários onde o autor elabora uma literatura informativa, algo próximo às narrativas de viagens, sobre o Brasil. Seu objetivo era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas e sociais da nova terra.

Entre as manifestações da época, destaca-se também a Literatura Jesuíta ou de Catequese, sendo seu principal representante o Padre José de Anchieta, com seus autos, cartas, hinos, poemas e sermões. O objetivo principal do jesuíta espanhol era catequizar os índios brasileiros.

Século XVII: Barroco

Época marcada pelos conflitos e contradições espirituais, o que acabou, consequentemente, influenciando na literatura. As obras do período são marcadas pela angústia, melancolia e oposição entre o mundo material e o espiritual, emulando o confronto interno dos indivíduos divididos entre os mundos Medieval (teocêntrico) e Moderno (Antropocêntrico).

Nas obras, as figuras de linguagem mais utilizadas são as antíteses, hipérboles e metáforas.

Entre os principais representantes da época, podemos citar: Bento Teixeira (Prosopopeia); Gregório de Matos Guerra, conhecido como “Boca do Inferno” por sua veia satírica e mordaz, autor de vários poemas e críticas; e o Padre Antônio Vieira, autor do célebre Sermão de Santo Antônio aos Peixes.

Século XVIII: Arcadismo ou Neoclassicismo

Época marcada pela ascensão dos valores burgueses, refletindo a ascensão da classe que chegara ao poder na Inglaterra (meados do século XVIII), EUA e França (fins do século XVIII), influenciando, no Brasil, os ideais que pautaram a Inconfidência Mineira. Esse fato, aliado ao surgimento do Iluminismo no campo do pensamento, influenciou consideravelmente a produção das obras desta época.

Os conflitos do barroco são deixados de lado e substituídos pela razão e o objetivismo, refletidos na linguagem mais simples e direta das obras. Os ideais da Antiguidade Clássica (Greco-Romana) de fuga das cidades e vida no campo são retomados, de modo que o bucolismo passa a ser consideravelmente valorizado, assim como a idealização da natureza e da mulher amada.

Os principais representantes dessa época são: Cláudio Manuel da Costa (Obra Poética); Basílio da Gama (O Uraguai); Tomás Antonio Gonzaga (Cartas Chilenas e Marília de Dirceu); e o Frei José de Santa Rita Durão (Caramuru).

Primeira Metade do Século XIX: Romantismo

A chegada da família real portuguesa ao Brasil, trouxe consigo a modernização, que, por sua vez, contribuiria ativamente para a Independência, proclamada em 1822. Tais fatos históricos influenciaram consideravelmente na literatura do período.

Entre as principais características do romantismo, pode-se destacar: espírito idealista e sonhador, idealização da mulher, individualismo, nacionalismo, retomada passado histórico (indianismo) e a valorização da liberdade.

Os principais representantes dessa época são: José de Alencar (O Guarani), no romance; Gonçalves Dias (Primeiros Cantos), Álvares de Azevedo (Lira dos Vinte Anos), Castro Alves (Navio Negreiro) e Fagundes Varella (Cântico do Calvário), na poesia.

Segunda Metade do Século XIX: Realismo / Naturalismo

Nesse período, a literatura romântica e seus ideais entram em declínio. Desse modo, os escritores começam a se preocupar em enunciar, principalmente, a realidade social e os conflitos existenciais do ser humano.

Entre as principais características, pode-se destacar: crítica social, linguagem popular, objetivismo, tramas psicológicas, utilização de cenas cotidianas, valorização de personagens inspirados na realidade, crítica social, visão irônica da realidade.

O principal representante dessa fase foi Machado de Assis, com as obras O Alienista, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

Posteriormente, surge a corrente naturalista, ou “ultrarrealista”, influenciada pelas ideias darwinistas de evolução das espécies em alta na Europa. O principal representante dessa corrente foi Aluísio de Azevedo, autor do romance O Cortiço, no qual o protagonista é o cenário.

Fins do Século XIX: Parnasianismo e Simbolismo

O parnasianismo buscou o retorno aos temas clássicos, em oposição à poesia romântica, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores usavam linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Por adotarem um postura anti-engajada, foram tachados, principalmente pelos primeiros modernistas, como representantes de uma literatura alienada, uma vez que não focava nos problemas sociais. Os principais representantes foram: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.

O simbolismo se caracteriza por uma linguagem abstrata e meditativa, flertando continuamente o misticismo e religiosidade. Entre os temas preferidos, estavam os mistérios da morte e dos sonhos, o que carregava os textos de um teor de subjetivismo metafísico. Os principais representantes foram: Cruz e Sousa (Sete Tons de uma Poesia Maior) e Alphonsus de Guimaraens (Ismália).

Primeiras décadas do Século XX: Pré-Modernismo

Período de transição, marcado, entre outros aspectos, pela busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial, regionalismo e valorização dos problemas sociais. Os principais representantes foram: Euclides da Cunha (Os Sertões), Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho), Lima Barreto (O Triste Fim de Policarpo Quaresma) e Augusto dos Anjos (Eu e Outras Poesias).

1922 a 1930: Modernismo

Tem início em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Entre os seus principais atributos, estão: o humor, o flerte com as vanguardas europeias, o desenvolvimento de temas do cotidiano, a liberdade formal e um diálogo crítico com o passado histórico. Os principais representantes foram: Mário de Andrade (Macunaíma), Oswald de Andrade (Pau-Brasil), Cassiano Ricardo (A Face Perdida) e Manuel Bandeira (Estrela da Manhã).

1930 a 1945: 2ª Fase do Modernismo ou Neorrealismo

Período no qual são retomados tanto o caráter de crítica social como os temas místicos. Os principais representantes foram: Graciliano Ramos (Vidas Secas), José Lins do Rego (Fogo Morto), Raquel de Queiróz (O Quinze) e Jorge Amado (O País do carnaval), no romance; Vinícius de Moraes (O Caminho para a Distância), Carlos Drummond de Andrade (Sentimento do Mundo) e Cecilia Meireles (Vaga Música).

Depois de 1945

Entre os principais representantes da época, destacam-se a prosa regional de Guimarães Rosa (Grande Sertão Veredas), o experimentalismo introspectivo de Clarice Lispector (A Hora da Estrela) e os romances, contos e crônicas urbanas de Nelson Rodrigues (Asfalto Selvagem).

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